Belle Époque

Conversava com uma amiga sobre a vida. Ela afirmava que o dia mais importante da vida é sempre o dia seguinte, que devemos fazer o melhor hoje para colhermos amanhã. Só no dia seguinte sabemos como o dia anterior foi importante. Mensagem esperançosa, no entanto, a mim soou muito pueril, como num sonho muito bonito no qual temos que acordar sem querer.

Ora; e o dia seguinte de uma grande bebedeira, por exemplo? Não me parece que um bêbado de ressaca julgue ser este o melhor dia de sua vida. E se for o dia seguinte a um velório então? Ih... Parece que temos um problema nesta bonita mensagem de esperança; não acham leitores? Estão enfadados do texto já?

Quem sabe um dia eu escreverei melhor, quiçá eu serei um grande estilista da palavra e assim minha escrita agradará mais aos leitores que, por ventura, lerem minhas laudas... Quem sabe, também, eu me esforce e leia mais aos textos da La Belle Époque... Quem sabe, quem sabe...

Em todo o caso, sem ser muito pessimista ou torturador de quem lê este blog, acometeu-me o pensamento de Arthur Schopenhauer sobre a vida. Curioso! Porque relembrei esta ideia dele agora? Já faz tanto tempo que li este pensamento, nem sei mais se ainda pode estar atual... Mas, enfim, ele costumava dizer que “a vida é um pêndulo entre o sofrimento e o tédio”. É; ainda parece correto!

Parece correto também pensar numa teoria que aparece no O Boêmio – livro que está publicado neste blog. "O mundo é um circuito fechado em quatro pontos envoltos em energia, aleatórias e desconhecidas, subdividido em duas partes antagônicas: Alegria e tristeza, desejo e angústia. A alegria vem para eliminar a tristeza existente, em seguida ocorre uma natural sensação de prazer, como um fio condutor, que irá preparar o terreno para o surgimento do desejo que, no entanto, acarreta, fatalmente, no surgimento da angústia; esta, por sua vez, retorna, normalmente, a tristeza, que ainda pode se apresentar com novas formas ou constituição diferente da originária. E é, impreterivelmente, nesta ordem que mencionei acima; pois os pontos energéticos não vão de encontro um com o outro, não se completam e nem mesmo andam juntos, apenas servem de alimento para o surgimento do próximo ponto de energia. Entra um, sai outro! É, exatamente, por isto que não há, essencialmente, equilíbrio no mundo".

Assim, este mundo é uma representação das relações mantidas com este circuito fechado de quatro pontos, como os pontos cardinais ou as estações do ano.

O verão se sobrepõe à primavera e o inverno se sobrepõe ao outono, mas o verão não encontra o inverno; porque tanto a primavera quanto o outono preparam o terreno para o cultivo da próxima safra.

Alguns dirão ser esta minha peculiar representação do mundo, tão somente, a felicidade ou busca desta. Em todo caso, como não conheço a dona felicidade e, ainda, ela me parece apenas a aparência externa das essências, eu prefiro mesmo acreditar que o circuito fechado seja a própria vida. Vida seguindo seu curso...

Veja senhor leitor pensador e dona leitora filósofa; veja o que vens de uma simples conversa com uma amiga e um simples pensamento que me acometeu; pensamento este que nem meu é, é do pessimista senhor Arthur. Porque fui eu relembrar deste pensamento dele, meu Deus? A culpa é de um vigário que conheci, há muito tempo, lá no Paraná; não tivesse ele me indicado os livros do senhor Arthur, também não os teria lido e agora não teria desenvolvido toda esta ideia. Maldito padreco! Ora! Quantas linhas eu desperdicei nesta ideia tola de circuito fechado como representação do mundo? Não fosse mais este meu desvio a assuntos enfadonhos e pesados, talvez, este blog tivesse até mais leitores. Maldito hábito este o meu de encher de retórica balofa e sem significado os espíritos mais críticos; repare como muitos temas insurgentes nestas páginas que estou a publicar são elementos independentes, sem relação com o contexto, na qual fica clara a ruptura com o sentido do tema que eu próprio abordei... Por que eu não escrevo com mais prazer e mais esperança? Há tantos leitores que apreciam estes tempos de neo-Belle Époque... Está decidido! Não me pegarei mais do pensamento de outros! A não ser que seja necessário ao blog; claro! Senão, jamais!



Por Ricardo Novais

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* A figura que aparece neste texto é um quadro de Paul Poiret, artista francês da Belle Époque. O período entre o fim do século XIX e a Primeira Guerra Mundial é conhecido por Belle Époque. O nome vem da França, a qual estava passando por tempos muito bons, de paz, prosperidade, ostentação, requinte e polimento. Ou seja, típica sociedade de aparências, na qual o povo brasileiro tanto admira e até se espelha
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Caatinga

Desde o século XIX, a região na qual está inserido Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Bahia – além do norte de Minas Gerais – é tida como lugar esmo e árido.
Já vai longe a época em que o Imperador D. Pedro II se preocupou com as construções de açudes para represar água no nordeste brasileiro. Mas, de tão antagônico que é este País, a água destes primeiros açudes serviram para matar a sede do gado dos “coronéis” do sertão, enquanto o sol abrasador desidratava até a morte o sertanejo da caatinga. E hodiernamente não consta ser muito diferente... Isto é sintomático!
Confesso, vendo aqui do sudeste, que os diversos povos existentes dentro do nordeste parecem pobres sobreviventes de um ambiente hostil. No entanto, numa análise honesta, esta visão é falsa, cai por terra – seca como o próprio solo. Esta terra árida e rica, fértil e culta, confundi-se com o restante do Brasil; basta fazermos um pequeno esforço e nos desvendarmos destas identidades de casca empolada e, por vezes, galicista que tanto apreciamos, e perceberemos, ao abrirmos os olhos, a poeira da terra nordestina envolta em cima de nossas pálpebras.
Além do gado (beneficiário da água dos açudes), da vegetação rasteira e do clima quente, há um ecossistema com espécies raras e endêmicas, povo de alto grau intelectual e um maravilhoso (e genuíno) folclore popular.
Veja senhor e senhora sudestinos, a quão infinidade de coisas encontra-se na Feira de São Cristóvão, no Rio, e também no Centro de Tradição Nordestina, em São Paulo; o xiquexique, o pau-ferro, a calunga, a catingueira, e por aí vai... Isto sem falar na fauna riquíssima existente por aquelas bandas como, por exemplo, a ararinha-azul, aliás, espécie só encontrada nesta região do mundo.
É tanta tristeza que sente o povo vendo o descaso pelas coisas do nordeste, ameaçando os sonhos e a poesia de extinção, que transcrevo abaixo os versos de Lalau e Laurabeatriz:
"Ararinha-azul, Ararinha-azul / Procura / No céu azul / Por outra Ararinha-azul. / Mas, no azul do céu / Tem tanto azul, / Que a ararinha-azul / Só encontra azul, / Azul, azul, azul."
A presença da palavra azul em vários versos, longe de tornar o poema repetitivo, dá a exata dimensão da solidão das ararinhas-azuis, do quanto sua presença é escassa, em seu próprio habitat; nota-se que a vida triste das ararinhas-azuis não é muito diferente da sina do sertanejo que vê a própria cultura, pouco a pouco, ir se extinguindo numa homogeneidade superficial destes novos tempos.
Mas dancemos o baião com o coração, comendo carne seca espirituosos bebendo aguardente. Ainda ouvindo, já lá do além, a voz ritmada e sublime de Patativa do Assaré; e tocando fundo no peito a “judiação” do povo, na canção de Luiz Gonzaga.
Tenho menos medo de não preservarem nossas florestas, do que de perder o Brasil.
“Ararinha-azul no céu... Azul, azul, azul.”

Baluarte do Planeta




É curioso como, hoje em dia, todo mundo tem uma página na internet, seja ela qual for e que conteúdo for. Sites disso, wordpress daquilo, orkut, myspace, facebook, miniblogging como twitter, e os blogs. Blog, blog, blog dos mais ordinários como este que estais aí a ler; aos nevrálgicos mais célebres e úteis aos navegadores de todo o planeta.


Sem dúvida um dos blogs mais proveitosos à humanidade é o da modelo brasileira Gisele Bündchen. Lá (na verdade é o site oficial da modelo) nos liquefazemos em cultura de diversos seguimentos como, por exemplo,... Bem; como, por exemplo, o mundo da moda...


Mas a força da popularidade do blog da Gisele é a preocupação com o meio-ambiente. Ela fez um manifesto, em inglês, para a preservação do planeta. “Poluir no Brasil, no Peru ou na China afetará diretamente ao meu filho”, protestou a modelo nova-iorquina – quer dizer, gaúcha; desculpe! – que está grávida de um astro do futebol... americano.


Fiquei tão comovido com o altruísmo de Gisele que até me esqueci de “linkar” – ou averiguar, para não esfriar o chá da ABL e nem chatear os “Cromwell-saramagistas” –, de qualquer maneira, esqueci de ligar o endereço do blog dela aqui; perdoe-me, caro leitor.

Mas – caso queira despertar-se para o problema do aquecimento global, fazer a sua parte para evitar a emissão de carbono na atmosfera terrestre ou engajar-se com a preservação planetária e humanitária – basta ir a algum site de busca e digitar: Gisele Bündchen, baluarte do mundo!




Por Ricardo Novais

Fique de Olho no Apito!

Terminou a 26ª rodada do brasileirão. O Palmeiras segue firme na ponta da competição e abriu pontos diante dos concorrentes São Paulo e Internacional; no entanto, Goiás e Galo embolaram de vez a briga pelo título, que, aliás, promete ser acirrada até a última rodada. Portanto, veremos ainda muita bola rolando (ou tentando rolar) nos gramados neste ano pelo Campeonato Brasileiro.

Barueri 0 x 1 Cruzeiro – Após uma semana polêmica, o Cruzeiro jogou fora de casa e venceu, levantando assim o astral de Kleber, polêmico e indeciso atacante que não decidou ainda em qual Palestra quer jogar, se o mineiro ou o paulista. Mas o gol dos mineiros estava em clamoroso impedimento, hein!

Palmeiras 2 x 1 Atlético/PR – Jogo duro, mas o Verdão, ainda embalado pela boa vitória no meio de semana, sofreu pressão dos paranaenses, neste sábado no Parque Antártica. Venceu e viu de camarote os adversários diretos jogarem neste domingo. O zagueiro Danilo foi atração a parte nesta partida; o Palmeiras bateu o pé para ele jogar, e Danilo participou tanto do gol do rubro-negro do Paraná quanto do gol da vitória do Palestra. Já ao Atlético-PR resta lutar para entrar na zona da Sul-Americana.

São Paulo 1 x 1 Corinthians – Clássico agitado, mas com pouca técnica. O zagueiro do Tricolor Paulista, André Dias, protagonizou um dos lances mais ridículos deste campeonato no gol corintiano, que foi do apático (fenômeno?) Ronaldo – talvez estivesse com a cabeça já em Cingapura, onde irá esta semana promover seus negócios particulares. O gol do São Paulo estava impedido; mas o que há com os árbitros do Brasileirão? São cegos? Desastre a arbritagem no Morumbi nesta tarde de domingo. Pelo lado tricolor, Hernanes foi o jogador mais criativo; gostei também da entrada do Marlos e, claro!, do Washington, afinal foi ele quem empatou o jogo – e foi expulso injustamente! Já os alvinegros, de tanto que se falou em Defederico e Edno, parece que Messi e Cristiano Ronaldo estão estreando no Corinthians. Confesso que me decepcionei um pouco com o jogador argentino; mas acredito que seja normal, ele sentou a estréia num clássico de tanta rivalidade. Por falar nisso, houve confusão entre as torcidas nos arredores do Morumbi; porém isto já é coisa trivial nos estádios brasileiros. Será que esta questão também é uma das pautas da FIFA para se resolver até a Copa de 2014?

Coritiba 2 x 0 Náutico – Jogo inexpressivo! Serviu para que o Fluminense acredite que ainda dá; será? O Náutico parece querer muito o rebaixamento, não há jogo que entre com vontade de vencer; chega a ser impressionante... Falta força ao Conjunto Timbu.

Goiás 2 x 1 Grêmio – Grande jogo no Serra Dourada. Ambos lutavam pelo G4, vindos de belas goleadas na última rodada, mas o Goiás provou que quer também o título. Veremos!

Fluminense 3 x Avaí 2 – Desespero! Assim pode-se intitular a tarde deste domingo no Maracanã. O Tricolor lutou, ainda que não se livre dos mesmos problemas: defesa ruim, meio campo técnico, porém instável e ataque inoperante. Sem contar o juiz que inverteu várias jogadas do Fluzão. Mas não podemos dizer que não houve raça e entrega dos jogadores. A torcida Pó-de-Arroz incentivou o time o tempo todo, mesmo nos muitos lances bizarros proporcionados pela defesa e pelo sofrimento de ter de segurar o resultado no final do jogo. Deu gosto de ver as bandeiras tricolores transmitindo emoção; apesar de não terem lotado o "Maraca", os torcedores do Fluminense fizeram um espetáculo à parte nas arquibancadas. Agora há novo alento, ainda que mínimo... Força Tricolor!

Internacional 0 x 0 Flamengo – O Colorado passa por mais um momento de turbulência. Não vence há quatro partidas – contando a Sul-Ameriacana – e perdeu duas oportunidades de assumir a liderança do Brasileiro. Neste jogo complicado contra o embalado Flamengo, o Inter empacou novamente. Será culpa do juiz que permitiu jogo naquele gramado do Beira Rio tão castigado pela chuva que caiu em Porto Alegre neste final de semana? Será culpa do técnico Colorado (que, aliás, é da tradicional escola gaúcha)? Ou há algo nesta diretoria Colorada que está se demonstrando provinciana e incompetente? Deixemos o povo gaudério responder.

Atlético 3 x Santos 1 – Vitória fundamental para o Galo almejar algo maior neste campeonato. O time do recém contratado Ricardinho não tomou consciência do Peixe no Mineirão. O Santos, de Vanderlei Luxemburgo, patina na competição. Portanto, parem de iludir o torcedor do Santos Futebol Clube com esta “historinha” de Libertadores 2010. É brincadeira, fanfarronada dos comandantes Peixeiros, hein! Mais para frente – deixemos dezembro chegar – discutiremos os rumos do inerte presidente santista e da competência da atual diretoria; já são quantos anos sem títulos importantes mesmo?

Botafogo 1 x 3 Vitória – Que vergonha! No dia em que inauguraram uma estátua da Enciclopédia do Futebol, Nilton Santos, o Botafogo desprestigiou a sua própria tradição. O time que só empatava, desta vez perdeu feio e tivemos confusão da “galera” no Estádio João Havelange, o Engenhão. Mas a torcida do Glorioso tem razão de irritar-se com um time sem brio e que não honra o manto sagrado que vestem. Também houve reclamação sobre a arbritagem, não sei se justas; ao meu ver, o juiz deste jogo foi o que melhor apitou nesta desastrosa rodada. Melhor seria se a torcida botafoguense tivesse ido prestigiar a 11a. edição do tradicionalíssimo Festival Internacional de Cinema do Rio (estreiou neste final de semana e vai até 08 de outubro) em vez de ir passar nervoso no Engenhão; aposto que seria um programa muito mais agradável.

Sport 2 x 1 Sto. André – O Sport fez a sua parte, passou pelo time do ABC que faz suas esperançosas apostas, de fugir do rebaixamento, no veterano Marcelinho Carioca. Mas, também, na Ilha do Retiro eu sou mais Sport contra este fraquíssimo Ramalhão.

Finda esta rodada do Brasileirão, bom feriado para aos judeus, e boa semana a todos!


Por Ricardo Novais

Ressaca, Castigo do Prazer

Ontem eu bebi demais. Uísque, cerveja, vodka, caipirinha... Uísque de novo, cerveja de novo. Mas agora a minha cabeça é uma turbina de avião supersônico; já meu estômago é o próprio mar revolto abrindo vaga nas areias da praia.

A ressaca, como diz Veríssimo, é “a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo”. É neste momento que um bêbado jura que nunca mais coloca uma gota de álcool na boca, incluindo bombons de licor e anti-séptico bocal. Os nervos são espetados por uma agulha muito fina, intermitentemente; e percebo como tudo nesta vida tem seus altos e baixos – todos os sons são pavorosamente altos e minha vontade de ver a cara de alguém hoje é incrivelmente baixa.

Agora só poderei tomar absoluta consciência de que sou um mero mortal, ou menos que isso. Também tomei um remédio efervescente; não adiantou muito. No copo com água, este analgésico tem a aparência de que vai derreter as minhas últimas células do cérebro e dissolver os tecidos do estômago que o álcool ainda não corroeu.

Não entendo os milhares de estudos e pesquisas que fazem por aí sobre os problemas do alcoolismo, as análises maléficas de tudo que o álcool acarreta à vida de um boêmio, e como ninguém se interessa em curar o problema da ressaca. Tivessem inventado uma única pílula que tirasse este gosto de cabo de guarda-chuva da boca, que tirasse esta sensibilidade vampiresca à luz que sinto agora, ou que devolvesse ao meu cérebro a sensação de ser humano com saúde, a esta altura da crônica, eu não estaria aqui com o mundo inteiro sobre a cabeça escrevendo neste blog para umas poucas pessoas que, talvez iguais a mim, sofram com o dia posterior de uma grande farra de sábado.

E mais: Quantas pessoas seriam mais produtivas se, depois daquele fim de semana puxado de bebedeira ou daquele chopinho depois do expediente às quartas-feiras, tivessem inventado a cura para a ressaca? Caro leitor que aí esta a ler este texto borracho, com a companhia de minha amiga internauta que tanto me alegra nestas navegações; já me vou indo, as palavras imprudentes já me vão terminado. É que as dores à cabeça não me deixam, e a ânsia no estômago é tormentosa. Vou deitar um pouco, apagar a luz e levantar após o jantar.

Saúde leitores!


Por Ricardo Novais

Prepare-se: Para Ser Devorado

O próximo dia 14 de novembro tem Twisted Sister no Via Funchal. A produtora Top Link Music esta promovendo a apresentação, na cidade de São Paulo, de um dos maiores expoentes do hard rock glam. O grupo havia se separado na segunda metade da década de 1980 e retornou, recentemente, para apresentações em festivais na Europa; incluindo aí a participação no Sweden Rock como headliner.

O Twisted Sister foi fundado em 1972, liderado pelo guitarrista Jay Jay French em Long Island, nos Estados Unidos. A formação que levaria a banda a um sucesso meteórico aconteceu em 1975, com Eddie Ojeda na guitarra, Kenneth Harrison Neil no baixo e Kevin John Grace na bateria.

No ano seguinte, a entrada do vocalista Dee Snider (fortemente influenciado por Alice Cooper) mexeu com o som da banda. Em 1978, eles transformaram o glam rock em heavy metal. Em 1980, o grupo criou um selo para lançar os primeiros singles, "I’ll Never Grow up Now!" e "Bad Boys of Rock ‘n’ Roll". Isto foi o pavimento para um disco extraordinário: "Stay Hungry".

"Stay Hungry" é um clássico do rock, lá estão os dois maiores hinos do Twisted Sister: "We’re Not Gonna Take It" e "I Wanna Rock". Eles entraram imediatamente nas paradas musicais dos Estados Unidos e da Europa, além dos vídeos clipes exibidos intensamente na MTV. A turnê, de shows surpreendentes, foi muito bem-sucedida; colaborando assim para aumentar a vendagem do disco.

Em 1998, Snider escreveu e estrelou o filme de terror "Strangeland", baseado em algumas canções do disco "Stay Hungry". O grupo se reuniu então para gravar a música "Heroes Are Hard to Find", que entrou na trilha sonora do filme. Em 2001, saiu o tributo ao grupo, "Twisted Forever", com Motörhead, Anthrax, Sebastian Bach, Joan Jett e Vision of Disorder. O grupo se reuniu novamente para gravar a música "Sin City", num disco tributo ao
AC/DC – espetacular banda australiana, de som visceral, que também fará show na cidade de São Paulo, mas no dia 24 de novembro; prepare o dinheirinho...

Um fato curioso que comprova o imenso sucesso da música "We’re Not Gonna Take It", é que em 2003, durante sua campanha eleitoral para governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger a utilizou como canção-tema da campanha que o levou a ganhar as eleições daquele Estado americano.

A atual turnê do Twisted Sister comemora os 25 anos do lançamento de seu maior sucesso, o álbum "Stay Hungry", e seus integrantes dizem que esta é a última turnê em que usarão as maquiagens e roupas exageradas, marca registrada da banda. Hair Metal's e poser's à parte, falta saber se a ferocidade faminta do grupo em palco ainda é a mesma daquela dos anos de 1980; as notícias que nos chegam dizem que é... Veremos!

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No vídeo abaixo, gravado na Finlândia por uma fã, dá para se ter uma prévia de toda a energia pulsante que ainda resta à banda; o público paulistano poderá conferir tudo isto de perto, em novembro:



Por Ricardo Novais
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Os preços para ver o Twisted Sister no Via Funchal estão em: R$ 140,00 pista; R$ 200,00 mezanino; e R$ 250,00 camarote.
Via Funchal - Rua Funchal, 65; informações e vendas (11) 2144-5454.
Site da produtora: http://www.toplinkmusic.com/
Site oficial da banda: http://www.twistedsister.com/

Alma carioca, encantada!

Selo do Correio do Rio de Janeiro.
Estou sendo duramente criticado pelos meus pontos de vista com relação a esta nossa identidade "afrancesada", sem originalidade e de tom meramente opaco na cultura de um povo. Os mousieres julgam-me louco inculto, as mademoiselles de insensível e selvagem tropical, no entanto, o refinamento francês é detestável neste processo de autenticidade brasileira.

No início do século XX, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil. Foi uma época de replanejamento urbano e regeneração social; as ideias positivistas vinham da Europa para educar um povo que começava a desenhar um rosto. Mas a elegante sociedade carioca quis ver nascer um novo País: a "França dos Trópicos!"

Por aquelas bandas da Gália, também se transformava os hábitos e as cidades. O apuro, a educação adestrada e o asseado conhecimento científico tomavam conta do pensamento intelectual e administrativo da querida Gália...

A meu ver, a razão que levou o governo francês a propor a regeneração urbana de Paris, encarregando o Barão Haussmann de abrir amplos bulevares e avenidas, foi impedir a população de tomar a cidade de assalto, protegendo-se por trás de um cinturão de barricadas e enfrentando violento da polícia. As ruelas estreitas e o calçamento de pedras constituíram o cenário imprescindível dos vários motins, revoltas e Comunas de Paris; os engenheiros urbanos logo o perceberam. As avenidas amplas e asfaltadas tornavam as barricadas praticamente inviáveis e davam total liberdade de ação à força policial.

Não parece, pois, muito casual o fato de o engenheiro Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro no começo do século XX, capital do país à época, ter estado em Paris e acompanhado de perto a ampliação do novo projeto urbanístico da cidade. Pode-se deduzir, portanto, que a transformação do plano urbano da capital brasileira obedeceu a uma diretriz claramente política, que consistia em deslocar aquela massa temível do centro da cidade, eliminar os becos e vielas perigosos, abrir amplas avenidas e asfaltar as ruas. E, com efeito, a medida mostrou-se adequada. Remédio eficaz, diagnóstico exemplar e efeitos colaterais visíveis na violência e na desigualdade da bela cidade do Rio de Janeiro.

O filme abaixo, de Willian Côgo, retrata um Rio de Janeiro antigo, terra de bons malandros, onde a igreja é ainda respeitosamente vira da para costa e o CR Vasco da Gama é a representação desta vida romântica, encantada no tempo passado; pois que, hodiernamente, perdeu sua alma pueril. Não há mais os “cariocas-da-gema” andando pela Zona Portuária, assim como não há uma identidade brasileira autêntica neste eterno País do futuro. Resta-nos apenas recordar... Mas dizem que recordar é viver!


Por Ricardo Novais

Botafogo e Fluminense ou Atlético-GO e Ceará?

Findo a 25ª rodada do Brasileirão e a emoção, como ocorre em todos os anos, toma conta do campeonato. Alguns preferem assistir aos jogos da Premier Ligue, do Calcio Italiano, do Campeonato Espanhol ou, até mesmo, do pueril Campeonato Francês. Para estes torcedores amantes do futebol europeu, eu peço, gentilmente, para que não lêem este texto; continue a jogar o seu Playstation, e aperte o triângulo!

A “pipocagem” da rodada fica a cargo do Internacional de Porto Alegre; foi até Salvador, na Bahia, só para perder do Vitória e deixar escapar, por entre os fios do bigode, a liderança do Campeonato Brasileiro. Aliás, devo conter o ânimo e cumprimentar ao “Professor” Wagner Mancini (ex-Santos) que bateu o líder, na semana passada combaliu o Palmeiras, e nesta rodada derrotou o vice-líder; todo jogador de truco tem seus dias de bom jogo!

Já o Galo empacou, neste sábado, diante do Náutico graças a “covardia” de seu treinador que preferiu deixar o veloz, porém "descerebrado", atacante Éder Luis no banco de reservas; ainda sacou o, sonolento, Diego Tardelli quando deveria ter acredito nele até o fim; e viu, da área técnica, a sua jovem revelação, o jogador Renan Oliveira, perder um gol incrível - um espaço enorme, meu filho, faça o gol! - que levaria o Atlético mais à frente no Campeonato.

Mas curioso mesmo, e até surpreendente, é o “tropeço” do São Paulo no empate contra o Santo André, em Ribeirão Preto, com direito a uma pífia interpretação do Hino Nacional por um sertanejo paulista entoando uma viola caipira de doze cordas; ou seria de dez cordas? Isto é melhor perguntar ao Kleber Machado.

Agora esperemos o Palmeiras, na próxima quarta-feira, diante do Cruzeiro em Belo Horizonte, Minas Gerais, para sabermos os próximos passos dos líderes do Brasileirão. O confronto é duro!
Claro que não me esqueci do Goiás Esporte Clube, que também briga, diretamente, pelo título deste ano; parabéns Hélio dos Anjos! "Futebol é para homens, não tem que ter..." Brincadeira; é apenas para promover polêmica neste tedioso blog.

Os torcedores do Goiás devem compreender que para falar da gloriosa vitória, em pleno Estádio do Pacaembú, do time esmeraldino, eu devo, necessariamente, soltar uma grande gargalhada: Corinthians 1 x 4 Goiás! Chega a ser até humilhante... Assisti a este jogo com um amigo num boteco, claro!, infestado de um bando de loucos. Presenciei alguns deles criticando ao Ronaldo (fenômeno?); no entanto, julguei isto injusto. Primeiro que ele não é meia - o que há com esta escola de treinadores gaúchos que não apreciam um bom futebol? - e depois que ele me pareceu o jogador mais lúcido, ao lado do volante Elias, do time corintiano nesta jornada de vanglórias.

Mas chegou a hora mais triste desta crônica. Até agora falamos dos que lutam honradamente no campeonato, mas neste momento devemos olhar para os que padecem no inferno.

Rispidamente faz-se menção ao Clássico Glorioso, Santos x Bota-Fogo. Tanta história, dois times alvinegros, dois times que conhecem o mar, dois times medíocres em campo. O Botafogo ainda parece ser pior, esqueceu as lições de navegação e esforça-se para naufragar. Veremos!

Ai, eu sinto dores virem ao coração; já passou. Domingo, Porto Alegre-RS, 16h00min: Tragédia!!! A tragédia é tricolor. Gostaria de saber, apenas, se o patrocinador do Fluminense disponibilizará o seu plano de saúde às vítimas tricolores de enfarte que darão entrada no Hospital Miguel Couto.

Enquanto isto, na Série B, o Vasco arrasa no "Maraca"; também vêm o rubro-negro de Goiânia, o Atlético-GO, e o Vovô Ceará - e acreditem, o Ceará é do Estado de Alagoas (é a "Mão-de-Deus!") - para os lugares de Botafogo e Fluminense... Há preferência?


Por Ricardo Novais

A Comédia dos Namorados

O ser humano, dizem os cientistas e também alguns psicanalistas, se destaca no meio natural pela sua capacidade, altamente desenvolvida, de poder raciocinar. Os cães e gatos, por exemplo, não se preocupam tanto em agradar o sexo oposto por não possuirem esta capacidade, altamente desenvolvida, de raciocinar; apenas satisfazem o reles desejo de seus instintos animais.

No entanto, ainda que os homens tenham a capacidade altamente desenvolvida de raciocínio, um ser humano adulto pensa bem diferente de outro que ainda está em processo de formação. Não apenas a formação anatômica, mas também do próprio alargamento da capacidade altamente desenvolvida de raciocinar.

Neste sábado, tão agradável em São Paulo, levei minha namoradinha para passear. Ela tem 20 anos, gosta da "Shakira do Curdistão" (nossa!, como estou desatualizado do hodierno universo pop juvenil, mas também que lugarzinho longe... ) e trata-me, carinhosamente, pelo epíteto de “comédia”.

Ocorre – não pense os namorados que estão lendo a história que estou criticando a minha garota, ao contrário, é tão somente uma constatação: se os seres humanos ganham em experiência com os erros que vão cometendo ao passar da vida; perdem, porém, a pureza juvenil –, no entanto, um ser humano com 30 anos de idade já não guarda mais a prudente paciência que tinha aos 20, e, presumivelmente, isto afeta suas relações interpessoais.

Mas veja que coisa curiosa, dona leitora; por que as mulheres, sejam elas jovens ou um pouco mais maduras, querem sempre impor a vontade de ferro nos encontros amorosos? Não me tome por machista, minha amiga; ainda se eu contivesse a maestria de um Nelson Rodrigues para o intento, mas não é o caso; sou apenas um namorado um pouco perdido nesta juventude que já se destaca sobre a minha.

Demais, até concordo que se a vontade feminina prevalece é pela sua suprema sabedoria sobre um ser humano inferior, no caso, o ser humano do sexo masculino.

Mas se ambos os sexos são seres humanos, com capacidade altamente desenvolvida de raciocínio, por que há, então, o embate de vontades?

Minha namoradinha queria por que queria ir ao cinema assistir ao filme Os Normais, em cartaz nas salas da cidade desde a semana passada. Porém, as minhas intenções, para um aprazível sábado à noite, eram outras... Não as confessarei aqui, mas asseguro que não incluíam ir se esbarrar num cinema trivial de um shopping ordinário.

No entanto, deves imaginar que assistimos mesmo foi ao: Os Normais. Se imaginaste isto..., acertou! Mas eu gostei do filme, não é de todo ruim, até lhe recomendo como boa comédia – será por isto que esta minha garota teimosa chama-me de “comédia”? Não sei. Sei que o filme tem boas piadas para contar, depois à mesa de bar, entre amigos.

Contudo, eu resolvi agir como um autêntico ser humano, com a capacidade altamente desenvolvida de raciocínio, e terminei o namoro. Não daria mesmo certo; quem sabe se fechassem todas as salas de cinema desta cidade... Não! Os restaurantes e as praças de alimentação dos shoppings ainda continuariam abertos.


Por Ricardo Novais

A Criação do Mundo – Fantástica Visão Nordestina

Uma visão peculiar e fantástica, direção Leo D. e William Paiva, na animação o Jumento Santo:



Grandes Clubes

Ontem encontrei um amigo que eu não via há muito tempo. Às vezes é bom encontrar velhos amigos... Mas estou descrevendo este evento trivial porque, lá pelas tantas do nosso papo reminiscente, surgiu um assunto tão açoitado quão é a amizade entre dois homens que nasceram no Brasil: Grandes Clubes do Futebol Nacional.
Logicamente, unanimidade com este meu colega reaparecido, que o Santos, Bicampeão do Mundo em 1962 e 1963, o Botafogo de Nilton Santos, Didi e Garrincha do início da década de 1960, o Vasco do final da década de 1940 e início da de 1950, apelidado de "Expresso da Vitória", o Cruzeiro campeão da Taça Brasil de 1966, o Bahia vencedor da Taça Brasil de 1959, a "Academia" de Filpo Nuñes, o Palmeiras do meio da década de 1960, times que, sinceramente, eu gostaria de ter visto e que sempre estarão entre os melhores da história, foram citações obrigatórias da parte de meu amigo e que eu tive de acatar; ainda que não pudesse julgar com o testemunho presencial de minha admiração a estes esquadrões fantásticos.
Mas brigamos. Meu amigo é teimoso e eu não sou de abater-me por qualquer time de boa campanha tão à moda deste tempo.
Sport, de boa expedição ano passado e também na Libertadores deste ano, é time grande? Para o meu amistoso camarada é; eu o contrariei.
Perceba leitor, que tanto gosta de futebol e de boas resenhas; o Sport Club do Recife é um clube maravilhoso, torcida vibrante, vencedor em seu Estado, Estádio fervente etc., no entanto, é apenas uma associação que apaixona uma determinada região deste País. Para ser time grande deve-se, obrigatoriamente, ter representatividade nacional e desapego a "regionalismos"; concorda leitor? Aposto que a dona leitora, que também adora futebol, compreende o raciocínio.
Bem; mas, caso tivermos entrado num acordo – se não, a réplica é livre –, já suprimimos, com o exemplo do Sport, muitos outros times que almejam o status de Grande do Futebol, tais quais: Vitória, Náutico, Santa Cruz, Goiás, etc.
Porém, confesso, a resenha é árdua. Como classificar os outros tantos clubes existentes no Brasil? Há vários métodos – tradição, torcida, títulos, estrutura, marketing, capacidade de representação, e por aí vai. Utilizemos, para ajudar o juízo, o artifício ocioso de citarmos os clubes de futebol que já ganharam o Campeonato Brasileiro.
Comecemos pelo São Paulo, até para ser justo com o atual título que foi para os lados do Morumbi. Seis vezes vencedor do Brasileirão, não tem tanta tradição como alguns outros, mas é um dos clubes mais conhecidos no mundo. Indiscutível; é Time Grande!
Já que citei o São Paulo, vou analisar o Corinthians e o Palmeiras de uma só vez; até para poupar as palavras. Simplesmente o maior clássico do Estado de São Paulo, o Derby Paulista. Dois Gigantes do Futebol Brasileiro!
O Santos Futebol Clube é hors-concours; comparemos com aquelas listas de melhores jogadores do mundo: Conta-se depois do segundo colocado, o primeiro é Pelé. Por motivos análogos, o Santos adquiriu grande representatividade nacional a partir da década de 1960 em diante; é pena que os dirigentes peixeiros não transformaram tanta glória em produto internacional; como a bossa-nova é para os músicos ou o próprio Pelé para o futebol. Mas deixemos isto de lado que já vai longe e também é pertencente a outra história, é de um tempo de um Brasil romântico...
Já que me lembrei de uma época em entravam em campo fantasmas e heróis, permita que eu vá logo ao maravilhoso Rio de Janeiro e me depare com o primeiro problema: Botafogo Futebol & Regatas, o glorioso.
Como há dificuldade para explicar aos mais jovens que o Fogão é um dos maiores clubes do País. O Botafogo detém o recorde de maior goleada do futebol nacional; certa vez, aplicou impiedosos 24 a 0 no pobre time da Mangueira. Mas quantos craques não vestiram o manto sagrado em alvinegro, quantos? Até para não me alongar muito, vamos falar de um grande ídolo da Estrela Solitária: Heleno de Freitas.
Havia duas coisas que Heleno criava como ninguém: gols e confusão. Extremamente habilidoso e genial, se Botafogo estivesse ganhando tanto melhor, a torcida sabia que ele faria mais gols – pobre Flamengo! Mas se o glorioso estivesse perdendo as brigas eram certas. Os rivais, sabendo do temperamento explosivo do craque, o provocavam, no entanto, eram os expectadores que o deixavam enfurecido. Vinha um coro das arquibancadas: “Gilda!” “Gilda!” “Gilda!” Heleno virava um animal raivoso e feroz em campo e agredia verbalmente e, muitas vezes, fisicamente quem estivesse pela frente.
Este grito, vindo da torcida, era uma alusão provocativa ao pobre Heleno; Gilda referia-se a mais famosa personagem interpretada pela atriz Rita Hayworth, no filme de mesmo nome. Como Heleno de Feitas, Gilda era temperamental e dona de um gênio incontrolável. A provocação, claro, surtia efeito e Heleno precipitava atitudes intempestivas por não controlar sua irritação. O Boca Juniors, da Argentina, time da moda na época, veio fazer uma excursão pelo Rio de Janeiro e levou o craque genial para terras portenhas. Heleno era Botafogo de coração e não queria ir. Pobre diabo, não teve escolha. Era de ver a cena no campinho do Botafogo, Heleno de Freitas agarrado a um poste, embriagado e chorando, vendo, inconsolável sem nada poder fazer, a humilhante goleada imposta pelo pequeno São Cristóvão, 4 a 0.
Botafogo é Grande, Gigante! Perfaz o clássico mais antigo do País: Fluminense vs. Botafogo, o Clássico Vovô.
E quanta tradição existe lá para os lados do Palácio da Guanabara. O Fluminense é dono do Estádio mais antigo do País, as Laranjeiras; houve um tempo em que quiseram levar o tricolor para Xerém, mas a “dona história” não permitiu, jamais permitiria – "que vá os garotos apenas!", disse ela. Estamos, muito provavelmente, em vias de ver um dos maiores clubes deste Brasil, tão apaixonado por futebol, ser rebaixado à segunda divisão. É pena! Existe um cronista esportivo, muito famoso na cidade de São Paulo, que diz, pomposamente, torcer pela queda do Fluminense, pois, segundo ele, faria justiça à ascensão “desonesta” do time da terceira divisão diretamente à primeira, em 1999. Verdade que o tricolor caiu duas vezes e foi rebaixado apenas uma, e, de fato, foi promovido à elite do esporte bretão, na taça João Havelange do ano 2000, sem passar pela segunda divisão futebolística. No entanto, atribua-se ao imponderável, ao regulamento e a paixão pelo esporte brasileiro, esqueça-se os factíveis interesses pessoais; afinal, tradição e cultura são duas coisas que perfazem a história de um povo.
É pena que alguns cronistas, tão "moralistas", ou simples “opinadores” de futebol, não conheçam a beleza de um esporte fantástico que tem um Clube Gigante como o Fluminense Football Club. Mas sábio é aquele que sabe reconhecer a beleza... Por isto existem tantas pessoas felizes por aí; simples tolos... Pobre homem que comenta futebol, talvez fosse o caso de ir ao Maracanã, num domingo ensolarado, e encantar por um “Fla-Flu”, o Clássico das Multidões. O sábio Nelson Rodrigues dizia: “Os quinze minutos, antes do nada, mais bonitos do mundo!”. Palavras que ratificam a grandeza do time das Laranjeiras e também do esquadrão dos lados da Gávea; ou, para irmos pelos caminhos mais antigos, o clube da praia do Flamengo. Neste ínterim, nem há muita necessidade de maiores argumentos. Quem não conhece a força da torcida flamenguista, a tradição rubro-negra e a representatividade deste clube?
O combate entre Flamengo e Vasco faz tremer o “Maraca”, é o Clássico dos Milhões. Clube de Regatas Vasco da Gama; Ciro Aranha, certa vez, disse: “Enquanto houver um infante no mundo, o Vasco será imortal!” Nem a segunda divisão, nem desmandos de dirigentes, nada tirou a grandeza do time da Cruz-de-Patée. Gigante da Colina! Viva a turma da Fuzarca! A verdadeira turma da fuzarca, certo torcedores do Sport Recife?
O Cruzeiro, no campeonato brasileiro de 1974, perdeu a final para o “Vascão” da Gama; injusto! Está aí um clube de chegada, tradicional, e, para felicidade dos “moderninhos”, tem excelente estrutura. Gigante das Minas Gerais, desde os anos de 1960 em diante. Há de se reconhecer o Esporte Clube Cruzeiro como um dos Maiores Clubes do Brasil. No entanto, agora, defronto-me com outro problema, e um problema tão grande como a paixão de seus torcedores: Clube Atlético Mineiro.
Se o Flamengo tem a maior torcida do País, o Galo tem a mais apaixonada.
Claro! Alguns dirão, toda torcida é apaixonada, outros citarão Corinthians ou mesmo o Grêmio com suas torcidas empolgantes. Porém, nenhuma outra pessoa sofre mais no futebol que um torcedor do Atlético. Os outros ganham títulos, o Galo não. Apesar de ser o maior vencedor dos campeonatos mineiros, não ganha um “caneco” de representação nacional há muito tempo. É o mesmo problema do Botafogo: há muita dificuldade para explicar aos mais jovens o que representa o Clube Atlético Mineiro... Até bem pouco tempo atrás, era o clube com mais pontos marcados em Brasileirões, ainda está entre os maiores marcadores. Tem um bom patrimônio, mas as dívidas são muitas; os débitos com o Governo só é menor que os do Flamengo e do Botafogo. Se ser atleticano não é fácil, ao mesmo tempo, é extraordinário. Time de tradição incontestável – grosso modo, Minas Gerais se destaca pelo conservadorismo artístico, pela iguaria sublime, o queijo (há de se avisar aos franceses) e pelo Clube Atlético Mineiro. Torcida única (no mundo inteiro – pois, torcer pelo Boca Juniors é fácil, quero ver é ser “Galo Doido”), aonde jogar, pelos gramados do mundo, reconhece-lo-ão como Galo forte, vingador e Clube Grande!
Calma, amigo. Mais uma vez eu lhe digo: se não concordar com estas parvas linhas aqui preenchidas, deixe o seu protesto, registrado assim suas considerações neste blog.
Bem, passemos logo a Inter e Grêmio. Dois campeões do mundo, torcidas vibrantes e representam o futebol no País inteiro. O Gre-Nal é, talvez, a maior paixão do povo gaudério, e isto, por si só, já atesta a Grandeza do Futebol Gaúcho. Mas, indo de um extremo do País ao outro, eu citarei aqui um clube – provavelmente, será a maior polêmica desta crônica – que considero como um dos maiores do Brasil: Esporte Clube Bahia.
Veja como o Bahia sempre esteve entre os grandes; menos, é claro, nos últimos anos. Time que bateu o Santos de Pelé; acabou com o Internacional em 1988; time das massas; de grandes craques (Esquadrão de Aço: Beto, Nadinho, Henrique, Flávio, Vicente e Nenzinho, Marito, Alencar, Léo, Mário e Biriba.
Sei que posso estar sendo, um tanto quanto, contraditório, mas o Bahia ainda conta com muita representatividade na história do futebol brasileiro, ao menos já teve; e, como eu não acredito que um homem ateu pode ser religioso, ou que um comunista possa ser um capitalista um dia, não há como dizer que um clube simplesmente deixa de ser grande. Portanto, O Bahia, único Campeão Brasileiro do nordeste deste País, é (e sempre será) um dos Maiores Clubes do Brasil! Está aí o carimbo?
Mas, ora! E o Guarani, o Coritiba e o Atlético Paranaense? Devem julgar-me por louco, não é mesmo? Se o critério adotado aqui, neste texto, foi o de analisarmos os clubes grandes dentre os que já foram campeões do Brasileirão; como, diabos!, então, eu deixei de fora tai clubes que tem em suas galerias este troféu nacional?
Explico: “Coxa” e “Furacão” perdem em número de torcedores juntos, incluindo também o Paraná Clube, para o Corinthians em seu próprio Estado, o Paraná. A tradição é igual a do São Paulo Futebol clube, mediana; mas, no entanto, por outros motivos, já debatidos, enquanto o São Paulo é grande, estes outros não tem representatividade no País inteiro.
Já o Guarani de Campinas é apenas um clube tradicionalíssimo (como é também a derby-rival campineira, a Ponte Preta) no Estado de São Paulo, que fez uma ou duas boas campanhas em sua bela história – vamos contar o ano de 1986, quando ele perdeu a final para o time do São Paulo dos “Menudos do Morumbi”. Fica minha torcida sincera para a ascensão do “Bugre” a elite do futebol neste ano...
Estes três campeões brasileiros, sob o ponto de vista acima, são clubes médios; assim como os são, com base em outros critérios, Vitória, Sport, Santa Cruz, Remo, Paysandu, Tuna Luso-Brasileira, Goiás, América (RJ e MG, bem mais o primeiro que, aliás, exatamente hoje o Mecão completa 105 anos de muita tradição; não é tia Ruth? – já os mineiros, disputarão no Mineirão amanhã, dia 19, a final da Terceira Divisão do Campeonato Brasileiro; vai Coelho das Alterozas!), também são times médios do futebol a Portuguesa-SP (a querida "Lusinha" do Canindé), Bangu (do Dr. Castor...), Paraná, Juventude, Caxias, etc., etc., etc.
Fique-se claro, são clubes pequenos: Barueri, São Caetano, Santo André, Itumbiara-GO, Ipatinga, Volta Redonda – estes times que acabei de citar são de pouca representatividade, apesar do incentivo que recebem –, Bragantino, Portuguesa (da Ilha do Governador-RJ), Goitacás, São Cristóvão (apesar da tradição), Madureira (time dos boêmios da zona norte), Desportiva-ES, Treze-PB, e por aí vai...
Existe ainda o nível pequeníssimo. Um exemplo é o Sport do Jardim Novo Horizonte (clube de Várzea) e o Pão de Açúcar (que recebe algum dinheiro de seus patrocinadores, mas não deslancha), ambos são da cidade de São Paulo; a diferença é que enquanto um é do esporte amador, o outro participa de torneios profissionais; no entanto, caem ambos na vala comum da falta, quase absoluta, de representatividade nacional.
Também há Clubes Grandes que foram extintos ou não integram mais o futebol em seus quadros desportivos, como, por exemplo, o Paulistano e o Germânia de São Paulo, e o Ypiranga da Bahia.
Em suma, meu amigo reaparecido e eu, chegamos a mesma constatação: é árdua, quase impossível, a tarefa de classificar a grandeza dos malfadados clubes de futebol do Brasil. É de se ficar angustiado com a falta de respeito e de zelo das administrações da maioria dos cartolas, que desde a década de 1970, maltratam instituições sagradas do futebol. Hodiernamente colhem-se os frutos... Frutos ruins! Minha análise é prejudicada por isto; sendo assim, qualquer torcedor poderá, nestes nossos tempos, requisitar o título de Grande do Futebol. Eu tenho que reconhecer a afetação da subjetividade em tais conceitos. Portanto, a minha tentativa de racionalizar uma das maiores paixões de todo um povo parece ter fracassado, então, também rendo-me aos "modismos" tão afeito aos torcedores e concluo dizendo que, para mim, são os clubes que fundaram o Clube dos 13 – não confundir com treze cartolas – os Maiorais do Futebol Brasileiro.

Texto de Estréia – A Reforma Ortográfica – Brasil

Estimado amigo leitor e queridíssima amiga dona leitora; este é o primeiro texto que publico neste blogue e não sei como fazer boa estréia aos possíveis seguidores desta página. Caso a minha escrita fosse mais concisa e de grande estilo lingüístico, poderia, com muita elegância e domínio das palavras, falar sobre a morte do ator americano Patrick Swayze, falecido esta semana, ou ainda comentar a campanha vexatória do Fluminense no Brasileirão (ê tricolor!) ou maravilhosa campanha da Seleção Argentina nas Eliminatórias para a Copa da África do Sul (parabéns Maradona, não saia nunca mais deste ofício!), e mais uma infinidade de temas e assuntos que trariam prazer aos que lêem e, talvez, se dessem até ao trabalho de comentar este texto.

Entretanto, resolvi intrometer o meu nariz na reforma, ou acomodação, da ortografia entre os paises de língua lusitana. O motivo é simples: Neste blogue há um livro publicado, O Boêmio, de minha inócua autoria, sob as regras gramaticais antigas.

Como eu disse acima, não sou grande lingüista e não domino completamente todas as normas gramaticais, deste modo, portanto, há um motivo para a falta de apuro da gramática do meu livro; e, afinal, também quantas regras não servem apenas para perfilarmos como cordeirinhos adestrados ao rebanho desta nossa sociedade... Demais, o leitor já deve ter imaginado, a preguiça para corrigir tal desígnio gramatical poda-me.

Também não haverá dificuldade de ortografia para quem quiser ladear as ambíguas páginas do Boêmio, compreender-se-á facilmente o idioma ali grafado; claro, enredo e os pensamentos são outros quinhentos; aí a tarefa para a devida compreensão da obra pode ser muito mais árdua. Mas não reclame; já lhe disse e lhe repito: não sou grande estilista, e sequer escritor consagrado. Portanto, peço-lhe que se esforce na compreensão de minha obra; com a licença de denominá-la assim.

Mas tornando ao tema, caros leitores, acontece que o choque em torno da afirmação de um nacionalismo lingüístico no Brasil, que vem de outrora, tiveram nas discussões a respeito da ortografia da língua portuguesa uma importante etapa.

O cerne da discussão fica a cargo da necessidade de se estabelecer um sistema ortográfico condizente com as peculiaridades da realidade lingüística brasileira, para que, assim, se pudesse resolver a um só tempo o antigo problema idiomático que se impôs ao país e o anseio por uma independência lingüística que acabava tendo implicações indiretas no nosso caráter nacional.

Norteadas a princípio por um frágil sentido de nacionalidade, estas discussões ganharam corpo durante o século XIX e acabaram desaguando nas indefectíveis querelas ortográficas, quando então o sentido de independência idiomática adquire, inclusive, foros de legalidade, com a publicação de decretos e a realização de acordos ortográficos que davam a tônica dos debates. Com efeito, estabelecer uma unificação ortográfica da língua portuguesa foi, desde sempre, uma das principais preocupações de nossos gramáticos, quase que uma condição prévia de todo o processo de normatização lingüística. Trata-se, certamente, de uma necessidade nascida da observação de um fato inegável: a grande quantidade de variantes gráficas que ocorriam mesmo nos registros cultos da língua, como já ressaltamos anteriormente. No século XX, principalmente, com o crescimento do mercado editorial, com a incrementação das relações internacionais e, sobretudo, com a intensificação das trocas literárias entre Brasil e Portugal, esse fato tornou-se insustentável, ocasionando todo um processo que objetivava estabelecer a unificação ortográfica entre as duas principais nações falantes do português. Na verdade, grande parte dos autores brasileiros representativos da época escrevia pela ortografia corrente em Portugal.

As primeiras discórdias - tanto entre brasileiros e portugueses quanto entre os próprios brasileiros - já começam com o século que se inaugura. Nosso primeiro projeto de reforma ortográfica nasce em 1907, com a proposta da Academia Brasileira de Letras. Esta reforma, que foi complementada em 1912, parece ter recebido mais críticas do que aceitação, o que é compreensível, já que se tratava - de certo modo - de uma atitude inovadora e polêmica.

Contudo, a reforma mais polêmica dessa primeira década não seria realizada no Brasil, mas em Portugal: em 1911. De fato, o espírito que regeu esta reforma foi o da simplificação. Com efeito, optou-se por uma reforma que tinha como modelo alguns achados lingüísticos presentes nas ortografias italiana e espanhola, segundo os autores do acordo, muito mais simples e racional. Como a de 1907/1912, esta foi também uma reforma polêmica e, mais do que aquela, parece ter mexido com os brios nacionalistas dos brasileiros, a começar pela falta de qualquer referência à situação da ortografia no Brasil, o que já revela o sentido de unilateralidade com que se concebeu o projeto. Assim, é possível que este descaso tenha atingido nossas suscetibilidades nacionais, senão naquele exato instante, com certeza posteriormente, quando uma série de obras mais ou menos panfletárias em favor dos “brasileirismos” e das características de nosso falar foram escritas.

Curiosamente, a despeito das inúmeras críticas que a reforma portuguesa recebera no Brasil, sua aceitação acabou sendo até maior do que aquela anteriormente realizada pelos acadêmicos brasileiros, pelo menos nos primeiros anos subseqüentes à mesma.

A década de 1920 é de particular importância para a afirmação do nacionalismo lingüístico brasileiro. Essa afirmação nacionalista dava-se em geral pela via da negação do estatuto lusitano da língua portuguesa, o que concedia ao nacionalismo lingüístico uma natureza claramente anti-lusitana. Por esta época, impera nos salões o hábito pedante de se falar francês, num galicismo exacerbado e sem identidade.

De qualquer maneira, falar sobre a importância dos modernistas para a afirmação de uma cultura brasileira e para a consolidação de especificidades lingüísticas nacionais torna-se algo ordinário.

Com efeito, o primeiro projeto de reforma ortográfica que tivera aceitação e concordância de ambas as partes, com os dois países deliberando em posição de igualdade sobre os pontos principais das mudanças só aparecia duas décadas depois, isto é, em 1931, data do célebre Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro (30.04.1931), organizado pela Academia Brasileira de Letras e Academia de Ciências de Lisboa com vistas à unificação ortográfica da língua portuguesa.

Trata-se, contudo, de um acordo não totalmente isento de posicionamentos nacionalistas, já que se propunha a uma espécie de unificação total dos dois registros gráficos, abolindo toda e qualquer divergência nesse campo, propósito evidentemente inviável e utópico, como aliás seria reconhecido mais de meio século depois.

Em 1934, o então governo eleito de Getúlio Vargas promulga nossa terceira Constituição Federal, cujo Artigo 26 revoga os decretos anteriores (20.108 e 23.028), adotando o sistema ortográfico anterior ao acordo assinado pelas duas nações. Trata-se, evidentemente, de uma atitude tipicamente nacionalista, ideologia que, como se sabe, teria caracterizado a maior parte do governo Vargas.

Veja senhor leitor e dona leitora, perceba que anacronismo se instala às discussões!

No entanto, passado o período do governo Vargas, um dispositivo governamental tentaria restabelecer a antiga situação, não sem adensar ainda mais a polêmica em torno da questão ortográfica.

Nos anos seguintes à década de 1940, foram muitas as discussões e entraves sobre a ortografia; no entanto isto é assunto para historiadores da língua ou curiosos, principalmente entre os brasileiros e os portugueses.

É verdade que, bem ou mal, ambos os países tinham conseguido superar as divergências mais crônicas e realizado um acordo amplo de reformas ortográficas. Mas não é menos verdade que o resultado final desse acordo ficara muito aquém das expectativas inicias, redundando na manutenção de diferenças ortográficas diversas entre as duas nações. Por esta razão, não demorou muito para que novas propostas de reforma da ortografia da língua surgissem, como ficou consignado durante a Convenção Ortográfica de Lisboa, realizada por Portugal e pelo Brasil em 1943. Nesta convenção decidiu-se pela realização de mais um acordo entre os dois países, no sentido de dirimir as divergências ortográficas que ainda permaneciam no português utilizado oficialmente pelos mesmos.

De fato, data de 1945 a célebre Conferência Inter-Acadêmica de Lisboa para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, um encontro bastante entusiasta em relação às possibilidades de uma unificação concreta. Contudo, o entusiasmo de seus organizadores e participantes parece não ter impedido que se incorresse num erro semelhante àquele que acabou inviabilizando a tentativa de reforma de 1931, já que a intenção era mais uma vez atingir uma unificação ortográfica radical .Não se consentem grafias duplas ou facultativas. Cada palavra da língua portuguesa passa a ter uma grafia única, apesar de o acordo procurar fazer algumas tímidas concessões a características lingüísticas do Brasil, reconhecendo a existência e o uso dos chamados brasileirismos.

Mas se a intenção de realizar uma unificação completa revelou-se negativa, como se poderá verificar posteriormente, não se pode negar que o reconhecimento de peculiaridades do falar brasileiro foi bastante positivo, fazendo jus às contumazes tentativas, por parte do Brasil, de viabilizar um discurso nacionalista: de fato, após todo um período de intolerância, em maior (1911) ou menor (1931) grau, a conferência de 1945 foi aquela que mais transigente se mostrou para com as variantes ortográficas do Brasil.

Tais concessões, contudo, não foram suficientes para que o Brasil abrandasse de todo sua posição nacionalista, que continuou prevalecendo em suas decisões finais: a reforma, no final das contas, acabou se inviabilizando, e as principais causas do malogro encontram-se na relutância do Brasil em aceitar pelo menos duas modificações ortográficas: a conservação das consoantes mudas não-articuladas, o que corresponderia a voltar a uma situação, já há muito, abolida no país; a adoção do acento agudo, em vez do circunflexo, nas vogais tônicas e e o, antes de consoantes nasais, ainda que tais acentos marcassem apenas a tonicidade e não o timbre destas vogais. Permaneceu, portanto, uma situação de divergência entre as duas nações signatárias do acordo, já que o mesmo foi, num primeiro momento, adotado por Portugal (Decreto 35.228, de 08.12.1945) e pelo Brasil (Decreto-lei 8.286, de 05.12.1945), mas posteriormente rejeitado por este (Decreto-lei 2.623, de 21.10.1955).

O ano de 1955 pode ser considerado um marco no estudo das recentes reformas ortográficas da língua portuguesa no Brasil, já que data dessa época o último decreto governamental de caráter abrangente sobre o assunto. As decisões posteriores ou teriam um caráter não-oficial (como a moção aprovada no Primeiro Simpósio Luso-Brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea, em 1967, apelando para a resolução das divergências ortográficas entre Portugal e Brasil), ou seriam de natureza parcial (a mais importante fora, sem dúvida, a Lei 5.765, de 1971, aprovando alterações na ortografia da língua portuguesa do Brasil e adotando outras providências relativas a estas alterações), ou ainda não passaria de um conjunto de intenções voltadas para a unificação das duas ortografias (como o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1986).

Com ano de 1955, no decreto (1955), remata-se mais um capítulo da história ortográfica de nosso idioma, mas a recente polêmica em torno do último acordo parece mostrar que esta é uma questão ainda longe de ser plena e satisfatoriamente solucionada.

De qualquer maneira, a partir do percurso histórico da questão ortográfica no Brasil do século XX, a preponderância de um discurso de fundo nacionalista, o qual acabava por transformar toda discussão lingüística num embate tipicamente político, na medida em que buscou utilizar a ortografia da língua como instrumento de afirmação da nacionalidade brasileira.

Assim, pode-se dizer que grande parte da discussão em torno da ortografia da língua portuguesa - como, de resto, em torno da própria língua - redunda na tentativa de afirmação nacionalista de uma vertente brasileira do idioma, em franca oposição à vertente lusitana. O amor-próprio e o sentimento nacional brasileiros parecem, no final das contas, prevalecer.

Pior para os que escrevem mais pelo gosto pueril à comunicação inter-pessoal, à transmissão de pensamentos, ao defloramento dos sentimentos e pelo debate de idéias; do que aqueles que apreciam a política, moram numa grande pátria nacionalista em detrimento aos cidadãos que residem nos municípios e, também, é bom aos homens de boa vontade.

Mas, de qualquer forma, dou-lhes às boas vindas a este blog; meu caro amigo, e minha querida amiga. Podem escrever com a ortografia que melhor se adequarem; ao menos até entrar, definitivamente, em vigor o acordo ortográfico entre os paises de língua portuguesa. Veremos!


Por Ricardo Novais

http://livrosdericardonovais.blogspot.com/

Leia este livro gratuitamente em:
O Boêmio, As Confissões de um Religioso.
I- Romance brasileiro (debochado). II- Ficção & Literatura.

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