Irmãos Boêmios

Outra vez, a ressaca. Na noite passada, vários boêmios no bar. As pessoas chegam, partem, mas eu continuo no meu ofício de bom patusco.

A hora já passara em alta velocidade, apenas um amigo, já antigo conhecido de boemia, ficara remanescente nas velhas discussões filosóficas.

Deixávamos nossos olhos observar, ora despretensiosamente ora maliciosamente, a uma bela moça que bebia sozinha no balcão.

Entretanto, repentinamente, chegou um homem. O bar já havia iniciado os procedimentos para pedir aos bons bêbados que voltassem noutra noite. Porém, minha aventura noturna tinha apenas começado...

Este homem, que surpreendeu sem avisar, vestia um casaco de couro preto, um largo sorriso impregnado na face pálida e uma reluzente calva. Quem visitou o boteco nesta noite que congelou no tempo, foi o meu irmão.

O homem de preto é meu irmão; não irmão de sangue, mas de coração. Há anos não nos víamos, sendo assim a conversa adentrou pela alvorada, evidentemente.

Alguns dizem que o bar é a desgraça da humanidade, porém, eu, que vivo numa cidade desgraçada, digo que o botequim tem o dom, quase divino, de reunir, novamente, os irmãos.

É! Esqueci completamente da bela jovem que bebia sozinha no balcão do bar como se fosse uma divindade e estivesse num altar, esqueci tudo naquela noite, esqueci tudo menos uma velha amizade...

Um abraço, careca; um abraço, meu irmão!
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*O desenho, "Ma che bella donna!", é do artista, de Santa Teresa no Rio, Maurício Porto. As obras sublimes, deste grande artista das belas artes, podem ser apreciadas no site: http://mauricioportodesenhos.blogspot.com/

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