Conto de Sexta-Feira 13

Nesta sexta-feira, 13, recordo um episódio ocorrido com Roberto do Lavradio. Tragédia na vida de Lavradio é coisa pouca.

Havia uma groupie chamada Betty, muito conhecida no Rio de Janeiro, que amava o jovem Roberto, mas Roberto amava Ifigênia, uma cantora de cabaré que exibia seus dotes, de musa suburbana, para um jornalista, crítico de MPB, freqüentador dos bares de Santa Tereza.

Certa feita, a moça esperava o ônibus que a levaria à boate na zona sul, era começo de uma noite de primavera, quando um carro desgovernado, provável que o motorista estivesse embriagado, atropelou diversas pessoas que aguardavam o transporte público no ponto rodoviário. Ifigênia morreu na hora.

Roberto amava, verdadeiramente, a cantora de cabaré. Não se conformou. Ele passou a visitar o cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, no Rio, todos os dias, para chorar por sua amada.

Porém, não agüentando de tanta dor e saudade, numa noite em que, por certo, ouvia os riffs além-mundo da guitarra de Randy Rhoads, ou Wylde em Demon Alcohol e Miracle Man, do Ozzy Ozbourne, violou o túmulo de Ifigênia, vilipendiou seu cadáver, em seguida, pervertido sexualmente, desrespeitou sua honra cometendo necrofilia. Por esta época foi indiciado por crime contra o respeito aos mortos, previsto mesmo no artigo 212 de nosso Código Penal Brasileiro.

Este episódio tinha mais haver com o duro caráter genial de Roberto do que com possíveis movimentos góticos, ultra-românticos ou macabros, como alguns, na ocasião, pensaram (ou quiseram pensar) associando a história a uma suposta fascinação de Roberto pelas idéias do ocultista Aleister Crowley ou pelos livros ‘spleen’ de Byron e outros de pensamento pessimista como o satanismo de Álvares de Azevedo.

Dificilmente haveria levante de forças ideológicas por causa das diversas tribos urbanas que a cidade comporta. Deste modo, a juventude desvairada, a qual Roberto pertencia, seguia seus primeiros ímpetos selvagens deixando de lado, irrestritamente, qualquer vestígio de civilidade proficiente ou coragem em ousar. Tudo se perfaz como um cometa. Não se pode pensar ou ser feliz, o espírito toma conta da alma...

Aleister Crowley influenciou muitos ‘pensadores’ conturbados que há tempos, nas noites de sexta-feira 13, fazem vigílias ocultistas e satanistas, ora pela criação perdida das noites, ora por pura moda “galicista”.


Por Ricardo Novais
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Randy Rhoads, guitarrista magistral descoberto por Ozzy Osbourne, morreu num desastre de avião. Alguns dizem ser maldição demoníaca do mago Crowley, mas os riffs e os solos da guitarra de Rhoads parecem ter sido inspiração de Deus:

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