Coveiros do Comunismo

A noite de 9 de novembro de 1989 foi mágica. Os berlinenses fizeram festa derrubando o Muro que separava o seu povo. Nesta noite gélida, o comunismo europeu morreu. O funeral foi espontâneo, Gorbachev dormia, Kohl estava em Varsóvia, Bush pai foi surpreendido pela Tv. Ninguém previu a morte repentina da RDA. Não foi um acontecimento oficial, foi um símbolo da vontade popular.

Na cidade dividida, o Muro de Berlin passava a poucos metros do Reichstag, símbolo renascido de mais de cem anos de vitórias e derrotas, ódio e fraternidade. O edifício, onde os soldados de Hitler e de Stalin travaram sangrenta batalha em 30 de abril de 1945, está no coração da reunificação capitalista de Berlin, da Alemanha e da Europa.

Uma das mais sofisticadas barreiras concebidas e construídas pelo homem dividiu ao meio a cidade berlinense entre 1961 e 1989. Erguido pela oriental, comunista, ditadora e burocrática RDA (República Democrática Alemã), o célebre Muro de Berlin destinava-se a pôr fim à longa sucessão de fugas de cidadãos do leste-alemão para a RFA (República Federal Alemã) - ocidental, capitalista, rica e livre.

A Stasi (sagaz polícia política da RDA) vigiou a população, o Muro e o regime filosófico da Nação em um dos mais eficientes serviços de espionagem da história. A repressão foi dirigida, principalmente, ao povo do leste-europeu.

A Queda do Muro de Berlin foi a morte do comunismo! O funeral iniciou-se neste evento. Os coveiros vieram da RFA, de toda a Europa capitalista e dos imperialistas Estados Unidos. Mais tarde, derradeiramente, a URSS sucumbiu; e o polaco João Paulo II, um dos coveiros mais notáveis, jogou uma pá de cal na cova rasa dos comunistas europeus. Brandenburgo reencontrou uma luz glamourosa e também uma nova vida de amarguras.

Ontem, dia dos festejos de 20 anos da morte do comunismo na Europa, da Guerra Fria em todo o mundo e também da ideologia romântica e, ao mesmo tempo, engessadora; entre tantas comemorações para o evento berlinense, alguns dos lideres mais poderosos do mundo atual derrubaram monumentos criados em homenagem à Queda do Muro de Berlin. Dominós enormes, obra artística de estudantes que nasceram na Alemanha já Unificada, foram enfileirados em aproximadamente 1,5 Km de onde ficava o Muro originalmente e empurrados num efeito de queda livre.

Será que, um dia, um efeito dominó qualquer derrubará os diversos muros, às vezes virtuais, existentes na atual sociedade mundial?

Trajetória da Queda do Muro de um Povo Morto:
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