Olá, Querido Bogue!



Suspeitam que entre meu blogue e eu há um romance. Nego! Somos apenas bons amigos, trocamos somente palavras.

Muitos dos senhores blogueiros e das donas blogueiras fazem de seus blogues verdadeiros casos de doentia paixão, ou de amor sincero e irrestrito - às vezes, também, escrevem com ódio, como se postassem querendo assassinar as palavras ou o idioma.

Um blogue que se preze é o grande antagonista de seu autor - pois a própria palavra que o define já indica a sua função: blogue, do originário marítimo-britânico weblog, quer dizer web + log; ou seja, registradas como um diário de bordo, só que de forma virtual e cronologicamente inversa. É o encontro com os fantasmas interiores de quem escreve, frente a frente, vindos surgindo linha após linha.

Claro que os leitores e seus comentários são importantes, mas estes valem mais como a valorização da reflexão e do sentimento atrelado a vaidade do blogueiro. Mas o ato indescritível de escrever, de colocar em um texto todas as ideias que consomem os pensamentos, é confessionário da própria intelectualidade, a desmistificação da própria cultura (como conceito de povo), é, do mesmo modo, o saber que ainda não veio, a vida que ainda não se realizou, é o que ainda está por fazer, em potencial, irrealizado.

Ó, blogue tão querido; a janela para o mundo e também a porta que fecha-se sozinha dentro do próprio quarto verve e escuro.

Neste caso específico, meu blogue e eu temos mesmo apenas uma relação de amizade; destas que não se afetam por paixão alguma. É que amigos sabem que serão sempre amigos. Pois compartilhamos momentos presentes e também os eventos passados que ficam na memória e conjecturamos a vida futura que sobrevoa os sonhos. Palavras que me dão força, que sempre está disponível ao lado para um consolo, nas conquistas, nas derrotas, nas horas boas e nas horas difíceis.

Verdade que amigo que é amigo nem sempre pensa do mesmo jeito, por isto, às vezes, eu abro mão de uma ou outra palavra ou vírgula, retiro uma ou outra linha que não se encaixa no modo conciso e efêmero que se dão as relações na internet - pois, afinal de contas, o meu blogue também tem a sua casa no mundo virtual da internet.

Mas é neste blogue, em nenhum outro lugar, que posso deixar todos os meus segredos, todas as minhas emoções, e alguma compreensão... Ele é diversão! Conto com ele sempre que preciso. Temos algo em comum! Ainda que de vez em quando pareça que nem mesmo nos conheçamos, aí ficamos algum tempo sem nos falar... Mas logo passa. Sinto saudade, mesmo quando quero dar um tempo, então engulo minha arrogância e dou a preferência. Fico com ciúmes dele, mas nossa amizade não se acaba mesmo que conheçamos outros amigos - o twitter, o caps, o fotoblog (que não é blogue!), os livros, etc. Enfim, é o meu blogue que me faz blogueiro!

E por que? Isto não sei explicar, simplesmente escrevo.


Por Ricardo Novais

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