Outro dia, acho que foi no pós-feriado do dia 15 de Novembro,
eu estava vendo pela tevê o jogo Botafogo x Chapecoense. A Chapecoense venceu,
em plena Arena da Ilha do Governador, pelo placar de 2 a 0. Eu vi o Cleber Santana
jogar demais naquele dia; no primeiro gol, ele colocou a bola, praticamente com
as mãos, para o Kempes assinalar. Os dois estão mortos.
Lembro-me que, naquele dia, tive muita saudade do Cleber
Santana defendendo o meu Santos; eu gostava dele. Foi um bom jogador!
Alguns da crônica esportiva e da torcida matutam: “E se
aquela bola que o Danilo defendeu entrasse? Não teria a tragédia...”. Por
certo, matutam errado. A tragédia não é a bola não ter entrado, a tragédia é o
imponderável. Não há derrota! Não há derrota nem no jogo que levou a Associação
Chapecoense de Futebol à primeira e histórica final internacional, nem na
defesa milagrosa do goleiro Danilo e nem na tragédia.
O futebol não é apenas um esporte. O futebol é um reflexo,
caricato, da vida. É uma música de Moraes Moreira com saudades do Zico; é a
comemoração da vitória de ser campeão depois de ser rebaixado; é um clube do
interior de Santa Catarina levando uma cidade inteira aos extremos das emoções,
de alegria eufórica à tristeza profunda. Futebol é o imponderável!
Bem faz o Atlético Nacional, de Medelín, em reconhecer a Chapecoense
como legítima campeã da Copa Sul-americana. A rivalidade da disputa do jogo
ficou no apito final de um voo derradeiro; do que poderia ter sido, mas não foi;
do que poderia ser sonhado, mas não será; bola parada, estática, em seus
últimos lances como naquela bola que não entrou defendida pelo Danilo. Nem toda
bola vinga em gol.
Por Ricardo Novais
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