Diabo Rubro de Andaraí


Montagem: "Luisinho, o Guerreiro". Por Elida Kronig. Site: América Football Club.

Quando pequeno, Luís Alberto da Silva Lemos, o Luisinho, era fascinado pelo América Football Club. Aos 9 anos, viu pela primeira vez seu time sagrar-se campeão do Carioca de 1960.

O garoto criou-se dentro de uma família de artilheiros, seus irmãos mais velhos são os antológicos goleadores César Maluco e Caio Cambalhota. Contudo, a sua paixão da meninice fez com que Luisinho, jovem goleador das praias, fosse mesmo tentar a sorte no gramado do "Estádio Giulite Coutinho" - ops! - "Estádio de Édson Passos"... Nada disso, o América nem mesmo tinha 'caminhado' para a Baixada Fluminense; o seu campo ficava entre barreiras lá para os lados da Tijuca, no bairro de Andaraí, onde ainda hoje mantém sede social.

Em pouco tempo, o sonho de Luisinho vestir aquela camisa vermelha tornou-se realidade. Em 1973, aos 21 anos de idade, o "endiabrado" jogador já era titular do ataque americano. Mas foi no ano seguinte que o talento do extrovertido centro-avante despontou. Autor de 20 gols, ele foi artilheiro do Campeonato Carioca e campeão da Taça Guanabara de 1974, única na história do clube, ficando à frente de gênios como Zico e Roberto Dinamite. Em ótima fase, o craque rubro começou a despertar o interesse dos outros grandes do Rio de Janeiro. Em 1977, Luisinho acabou indo para o Flamengo. Era de dar pena... Ele não queria deixar o "Ameriquinha". Torcedor declarado do "Diabo", como é conhecido o clube de Andaraí, ele compreendeu que a sua venda era de fato necessária para os cofres do próprio América, que já naquela época passava por dificuldades financeiras.

Na Gávea, apesar de tudo, o atacante confirmou sua fama de goleador. Em três anos com o manto rubro-negro marcou mais de 80 gols. Depois da passagem pelo Flamengo, ainda jogou no Internacional, de Porto Alegre, e no Botafogo. Mas ele queria voltar para Andaraí, era lá que ele sentia-se bem e feliz. Em 1980 ele retorna para o seu clube de coração, o "Diabo" estava de volta com toda força.

Luisinho passou a reeditar as suas melhores atuações e a marcar muitos gols. Em 1983, Flamengo e Santos fizeram a final do Brasileirão daquele ano com artilheiros históricos, de um lado o craque genial Zico e do outro o sempre oportunista e polêmico Serginho Chulapa; mesmo assim, Luisinho, jogando por time de menor torcida, entretanto, o sempre charmoso "Ameriquinha", foi um dos que mais estufaram as redes na competição. Naquele mesmo ano, o centro-avante de cabelos e barbas compridas anotou mais 22 tentos e sagrou-se outra vez goleador máximo do Campeonato Carioca. Por este tempo os cronistas eram unânimes em considerá-lo um dos mais competentes jogadores do país. Tanto que foi fortemente cotado para defender a Seleção Brasileira na Copa América de 1983.

Mas outra vez Luisinho vivia um drama, seu sucesso em Andaraí despertou a cobiça de outros grandes clubes brasileiros. Em meados de 1984, após ser novamente um dos artilheiros do Brasilerão, o "Diabo Encarnado" foi de novo obrigado a deixar o América. Contratado pelo Palmeiras, o jogador seguiu para São Paulo. Longe de seu clube querido, no entanto, ele não rendeu o esperado. Fez meia dúzia de gols e regressou ao time de coração.

Com 34 anos, poucos cronistas e torcedores acreditavam que ele ainda poderia surpreender pelo "Ameriquinha". Mas a maioria estava enganada. Em 1986, Luisinho marcou 13 gols e levou o América à semi-final do Campeonato Brasileiro. Em excelente fase, ele calou a boca de mais de 50 mil corintianos que foram ao Pacaembu nas quartas-de-final daquela competição, ao marcar o segundo gol de sua equipe na vitória de 2 a 0. Luisinho, 9º maior artilheiro em Brasileirões com 89 gols, só não conseguiu ajudar o seu clube a superar os 'Menudos do Morumbi', o São Paulo de Careca e companhia acabou se tornando o campeão do campeonato daquele ano.

Consagrado e realizado no América Football Club, Luisinho teve que abandonar o futebol em 1987, mas não por vontade própria. Após discutir severamente com o treinador Vanderlei Luxemburgo, este o acusou de estar ultrapassado para os novos padrões dos atletas futebolísticos. Não vendo mais chance de jogar pelo time de Andaraí, o "Diabo" então resolveu abandonar a carreira.

Atacante que sempre se identificou com a camisa e com a torcida americana, que sempre passou por cima dos insolúveis problemas financeiros do clube, terminava ali o romance de Luisinho com o seu querido "Ameriquinha". Embora o amor seja para sempre vermelho como o próprio sangue de suas veias e o manto sagrado que cobre sua pele...

Luís Alberto da Silva Lemos, o "Diabo Encarnado", ou simplesmente Luisinho, marcou 434 gols em toda sua carreira profissional de jogador de futebol. 311 destes tentos levaram imensa alegria lá para os lados rubros do bairro de Andaraí.

No vídeo abaixo vemos grandes heróis americanos, incluindo o formidável Luisinho, e traz o hino do América Football Club, uma das mais belas composições do genial Lamartine Babo, criador dos hinos de todos os grande clubes de futebol do Rio de Janeiro:

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Por Ricardo Novais

* Fonte: Edição Especial da Revista Placar, ano 2000; História do Futebol Carioca; GloboEsporte.Com; Wikipédia; e Canal Memória Socram.

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