Santos, Querido!


"Baleião" e "Baleinha", símbolos oficiais do Santos FC.

Semana Especial: No dia 14 de abril de 1912, portanto há 98 anos, nascia um dos clubes mais importantes do futebol mundial: o Santos Futebol Clube. Em 1912, o presidente do Brasil era o marechal Hermes da Fonseca, havia 24 milhões de brasileiros e o país sustentava-se à base da produção cafeeira. No sul da república iniciaram os conflitos da “Guerra do Contestado”; no nordeste, Padre Cícero, prefeito de Juazeiro do Norte, declarava guerra ao governador do Estado. Porém, de extraordinário evento existente naquele longínquo ano, o (a)fundamento do gigantesco navio Titanic foi o que mais chocou o mundo, sendo naquela mesma tarde a fundação do Santos Futebol Clube. Submergiu morto um incomensurável monstro dos mares, nasceu deste mesmo mar outro ser ‘santástico’ para o planeta, este adorável Santos; viva o ‘planeta bola’!

Da história do glorioso alvinegro da Vila Belmiro, pode-se dividi-la em fases. No começo, a “Pré-história”: período que vai da pedra angular do clube, em 1912, até meados de 1926. Foi uma época de grandes dificuldades, pobre mesmo, e de mero coadjuvante nos campeonatos que disputava.

Na foto, década de 1920, vemos, da direita para a esquerda, em pé: Mário Rocha; Ovídio Sabino; Appio Rocha; João 21; Dio Crecio; Dito Monteiro; João Pedro; Antônio Pedro; Diamantino Paca; Domingos; sentado: Américo Mâncio. (FOTO: Cortesia do sr. Abnuar Octavio Rocha, filho do sr. Appio Rocha).

A “Idade Antiga” é pequena, mas notável. Inicia-se, de fato, em 1927, com a aterrorizante ‘linha dos 100 gols’ – não havia adversário que não temesse e não quisesse ver o Santos. Termina em 1935, quando da conquista do primeiro título oficial do Campeonato Paulista.

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Equipe que venceu o primeiro Campeonato Paulista, em 1935, defendendo o Santos Futebol Clube.

Já estamos na “Idade Média Santista”, a idade das trevas. De 1936 até 1954 o clube da Vila vive uma obscura penúria de conquistas. Não há muito que lembrar...

De modo que vamos logo ao “Iluminismo”, quando o Santos FC escreve um dos mais belos capítulos do futebol mundial em todos os tempos. A “Renascença Santista” inicia-se em 1955, quando é quebrado o jejum de 20 anos sem levantar o ‘Caneco Paulista’; passa por toda a era Pelé, o “Rei do Futebol”, período característico dos nobres cavaleiros da bola, os ‘fantasmas brancos’, que conquistaram todos os campos da Terra e termina justamente na despedida do “Rei” a seus súditos. Bons tempos, tempos românticos, da maior linha de ataque de todos os tempos, fantásticos, onde possivelmente ocorrera a estação mais profícua e bela do esporte bretão.

Época áurea do futebol: 11 Fantasmas do Santos Futebol Clube, "Iluminismo Santista", quando este esquadrão entrava em campo, os adversários tinham calafrios. Até hoje ainda não houve nada mais belo e encantador nos gramados mundiais.

Naturalmente, depois de tanto brilho e encanto, a estagnação residiu forte na Baixada Santista. Administrações herméticas, desmandos de cartolas, enfim, pensamento gerencial que em nada acompanhou os novos andamentos do futebol que vivia a modernidade fugaz. De 1975 a 1994, a “Idade Moderna do Santos”, o time vive outros 20 anos difíceis; homens que deveriam honrar as glórias de uma das maiores sociedades futebolísticas que já surgiram, denegriram sua honra. Em 1º de abril de 1985, o vice-presidente santista da época, anunciou oficialmente a contratação de Arthur Antunes Coimbra, o Zico, então jogador da italiana Udinese, mas tudo não passou de brincadeira impiedosa e cruel de “Dia da Mentira” do cartola fanfarrão que queria divertir-se à custa da torcida que já sofria naturalmente com gozações dos rivais pela falta de competitividade do time da ‘Vila Famosa’. Neste período, o alento santista foi o surgimento da primeira geração dos “Meninos da Vila”, em 1978, embora isto fosse mais produto do acaso dos ‘deuses do futebol’ do que planejamento e respeito ao clube peixeiro.

A partir de 1995, temos a “Era Contemporânea” na Vila Belmiro. Giovanni, o eterno “G-10”, leva o Santos ao vice-campeonato brasileiro. Embora o glorioso Botafogo, de “Túlio Maravilha”, tenha muitos méritos no triunfo do Brasileirão daquele ano, o juiz do jogo final entre os dois gigantes, Márcio Resende de Freitas, apitou em comovente favorecimento ao time carioca – validou gol impedido do botafoguense Túlio e anulou gol legítimo do santista Marcelo Passos – frustrando assim uma das maiores expectativas dos torcedores ‘fantasmas’. Este período atual, no entanto, é marcado pela reestruturação do clube; o Santos venceu Brasileiros, Paulistas, disputou com força a Libertadores e outros torneios importantes, contudo, ainda hoje há muitos santistas que trocariam sem pestanejar um, dois, três, ou quantos títulos forem – salvo, óbvio, as gerações de “Meninos da Vila” – pelo troféu de Campeão Brasileiro de 1995. “Juiz ladrão!”, muitos gritos ainda ecoam do gramado, deste o tempo de Eduardo Taurisano... Deixe isto pra lá, amigo leitor, é história antiga, dou-lhe o caminho, se quiseres insistir em saber dela: Taurisano. E de formidável no futebol são mesmo as lendas, então grita torcedor, grita da arquibancada: “Maldito Márcio Resende de Freitas!”. É; futebol é mesmo uma caixinha de surpresas.

Time Vice-Campeão Brasileiro de 1995. O ex-árbitro Márcio Rezende de Freitas ainda é "persona non grata" na Vila Belmiro. Em pé: Narciso, Marquinhos Capixaba, Gallo, Vágner, Marcos Paulo e o Goleiro Edinho (filho do Rei Pelé); Agachados: Robert, Carlinhos, Jamelli, Giovanni e Marcelo Passos. (Foto: Placar).

Esta é uma breve lembrança de um amante reverenciando o aniversário de um clube de futebol: o incrível Santos, o glorioso alvinegro praiano que vive no meu coração.

MELHOR DO SECULO XX

No mais, todo aniversariante gosta de ganhar cumprimentos e presentes; e o maior presente de um torcedor é vencer o rival. Ontem o Santos FC bateu o São Paulo FC por 3 a 2, no nublado Morumbi, jogo válido pela primeira partida da semifinal do Campeonato Paulista.

San-São ‘santástico’! Dá-lhe Peixe!



Por Ricardo Novais

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Texto baseado em reportagens antigas vindas à memória (de modo que pode haver alguma lacuna ou afetação apaixonada); no "Dicionário Santista", de José Roberto Torero, 2005, Rio de Janeiro, Ediouro; e no site do Santos Futebol Clube - Web Site Oficial. Tudo aliado à certa imaginação até fanática do autor deste blogue.

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