Presidenta do Brasil discursando sob olhar atento da vice-Primeira-Dama. ERIB – Arte e montagem de Tuca Zamagna, sob foto da Agência Brasil. |
Qual teria sido a primeira
mulher que deixou a cuia na fogueira, os filhos na caverna, usou uma lança e
aderiu ao masculino esporte de caçar na selva? A essa corajosa pioneira dedico
este texto como sincera homenagem. Tudo o que aconteceu depois é mera sequela da
vaidade humana e o seu ideal mais sublime: ganhar a vida por conta própria.
Durante séculos as mulheres brigaram com os homens para competirem nesta nobre e vital missão. Eis o estatuto universal.
Guerrilheiras, revolucionárias
e feministas se martirizaram em busca da sagrada independência feminina. Hoje,
finalmente, graças ao sacrifício dessas idealistas, todas as mulheres do mundo
conseguiram o direito de morrer de trabalhar. Tudo pela competição, leitor;
viver é competir.
Os homens – ignorantes como
sempre – resistiram enquanto puderam. Bobagem. Na hora em que os primeiros
capitais entraram no caixa doméstico, o pragmatismo derrotou a religião,
superou os preconceitos e insurgiram na política das mais altas esferas. A
mulher de poder é filha do capitalismo – selvagem ou domesticado. Como tal,
pode ser estudada segundo os elevados parâmetros éticos do sistema, praticados
nas bolsas de valores, nos salões elegantes, em concursos para miss, em balcões de recepção, em jardins de bulevares ou nos cafés de vias públicas.
O leitor varão que deixe os
seus ideais masculinos de lado e permita a convivência com alguém que fature
tanto ou mais que o seu dia de labuta; pense na segurança de toda a família, na
liquidez e na rentabilidade do poder feminino. Deixe de lado também o coração.
Charme, sensualidade, beleza de nada valem. O que conta mesmo é a fascinante cadeira
na sala de jantar. E a cadeira da mulher poderosa só pode ser presidenciável.
Por
Ricardo Novais
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