Finitude da Vida

Num dia 17 de dezembro, só que de 1770, era batizado Ludwig van Beethoven. Provavelmente o menino havia nascido no dia anterior. Sua família era de origem flamenga, no qual o sobrenome significava 'horta de beterrabas' e a partícula 'van' não significava nobreza alguma.

O pai de Beethoven era tenor e professor, foi ele quem deu as primeiras lições de música ao filho, pois pretendia fazer do garoto um prodígio do piano. Eram estudos durante muitas horas, todos os dias da semana, desde os 5 anos de idade.

Beethoven teve uma infância bastante infeliz, ele viu seu pai ser consumido pelo alcoolismo. Sua mãe casou-se 2 vezes, e o compositor teve 5 dos 7 irmãos mortos ainda púberes.


Este talentoso garoto teve estudos muito profundos, e desde cedo alguns já o apontavam como o 'segundo Mozart'. Por causa da doença do pai, a partir da morte da mãe Beethoven teve dificuldade financeira para seguir com a música.

Foi para Viena em 1792, e lá passou o resto da vida. Foi aceito como aluno de Joseph Haydn, teve aulas com Antonio Salieri, com Foerster e Albrechtsberger.


Quando tinha 26 anos, Ludwig van Beethoven escreveu:

"Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas ações; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.

Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou!"

Era a surdez que cruelmente manifestava seus primeiros sintomas graves e temerários. A doença o acompanhou sempre e em 1816, aos 46 anos de idade, ele estava quase surdo. Porém, ao contrário do que muitos pensam, Ludwig jamais perdeu a audição por completo, muito embora nos seus últimos anos de vida a tivesse perdido, condições que não o impediram de acompanhar uma apresentação musical ou de perceber nuances timbrísticas.

Foi virtuose do piano. Dentre as obras mais famosas destacam-se as nove sinfonias, os trios e sonatas e a ópera Fidelio.

Contam os biografos que os funerais de Beethoven foram assistidos por mais de 10 mil pessoas, assim tornando o primeiro compositor a virar figura pública.



"Alegria bebem todos os seres

No seio da Natureza:

Todos os bons, todos os maus,

Seguem seu rastro de rosas.

Ela nos deu beijos e vinho e

Um amigo leal até à morte;

Deu força para a vida aos mais humildes

E ao querubim que se ergue diante de Deus!"

— Parte do verso da Ode à Alegria, de Friedrich Schiller, utilizado por Ludwig van Beethoven.

A Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 é para muitos a maior obra-prima de Beethoven. Para ouvir a Orchestra de Madrid no vídeo abaixo interpretando trecho intermediário da obra - para mim uma das passagens sonoras das mais belas que já ouvi na vida -, desabilite a rádio parceira, Stay Rock, na lateral do blog com um pause.





Por Ricardo Novais

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Fonte: Wikipédia; e Uma Breve História da Música, tradução de Tereza Resende Costa, 3ª edição, série: Cadernos de Música da Universidade de Cambridge, Rio de Janeiro, editor Jorge Zahar, 1988. Desenho: Funeral of Ludwig van Beethoven (1770-1827) in Vienna, de Franz Stober.
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