Passeio à Biblioteca Nacional

Biblioteca Nacional. Entre terremotos, guerras, ser lançada ao mar, ela ficou no Brasil.

Joaquim Maria d’Almeida mora no Cacuia, zona norte do Rio de Janeiro. Um dia qualquer, deveria ser bem uma despretensiosa tarde de sol cinzento, ele resolveu perfumar-se pela região mais antiga da cidade. A pé, andou pela zona portuária por minutos velhos, depois foi pelo Passeio, viu o Real Gabinete, não parou, continuou pela Rua do Hospício, Rua dos Inválidos, Rua do Lavradio, sempre em círculos, Gamboa, Saúde, tornou, passou pela confeitaria positivista, aportou na Cinelância, avistou o Teatro e o Museu de Belas Artes, caminhou ainda na Rio Branco, parou, andou, voltou, até que chegou à Biblioteca. Entrou.

Sim, senhor leitor, qualquer outro ficaria maravilhado com tamanha arquitetura portentosa, altiva, cultura às narinas, cheiro de ferro com mogno molhado e traças devidamente letradas. Porém, nosso Joaquim Maria perdeu-se um pouco. No saguão, foi ao balcão. Falou à dona gorda que lhe jogou um olhar agudo e rigoroso entregando-lhe o crachá onde se lia: "leitor". Caminhou à sala direita por várias fileiras de obras gerais, no mezanino encantou-se pela beleza dos livros encaixados às estantes de ferro, e, no terceiro andar, vislumbrado pela clarabóia francesa que deixava entrar uma luz mítica, tendo à frente diversos títulos raros e escondidos sem poder tocar em nenhum, espantou-se; por fim, sem nada encontrar, tornou aos andares inferiores e deixou descansar-se à cadeira de sala de leitura ordinária que lembra as mesinhas de uma escola ginasial. Lá ficou por algum tempo ao lado de um livro de aspecto clássico, esquecido ou perdido, embora não fosse tão antigo. A obra pareceu fitar-lhe, Joaquim pegou dela e começou a folheá-la.

Tratava-se das Cartas do Barão de Gobineau, datada de quando este famoso eugenista francês por aqui pôs os pés refinados.

Em dado momento, Joaquim Maria leu um parágrafo que o admirou:

(...) "Chove a cântaros e o céu não é bonito; o mesmo cinzento, a mesma neblina, e ainda mais úmido do que em Paris”. “Há uma grande quantidade de baratas, ou o nome que se lhes queira dar, e saúvas capazes de devorar aldeias inteiras, inclusive as casas; mesmo no Rio, existem cobras perigosas nos jardins.”

Em outra página, lê-se o momento no qual monsieur Arthur Gobineau, que era de família humilde e forjou o título de barão para sustentar seus hábitos e sua teoria, descobre o maravilhoso Jardim Botânico:

“É realmente magnífico. Um verdor, uma riqueza de vegetação, profusão de toda espécie de plantas, cercas-vivas compactas como florestas, tudo isso repleto de flores grandes, médias e pequenas de todas as cores, as mais vivas e as mais suaves, toda essa opulenta vegetação rendilhada de forma singular e variada, encaixada entre montanhas enormes, tão verdes quanto o resto, e entre maciços que escondem todas as ondulações do terreno com grandes árvores carregadas de flores brancas, formando bolas semelhantes às dos pessegueiros e ameixeiras em flor.(...) Não esqueça que, no meio de tudo isso, há grande quantidade de moradias deliciosas; grandes pintadas de verde ou azul-claro; casas cor-de-rosa ou vermelho pálido, chalés suíços revestidos de azulejos à moda portuguesa, pórticos com bolas coloridas de cristal, em estradas bonitas (...); negros e mulatos em profusão, uns a cavalo, com os pés descalços, presilhas e esporas, outros andando a pé, com o cigarro atrás da orelha direita e o palito de madeira espetado no cabelo. Causa um efeito extraordinário”. (...) “Este Brasil é um país maravilhoso, e não creio que o mundo antigo apresente nada de parecido em matéria de natureza selvagem.” (...) “Agora você entenderá tudo quanto eu lhe disser que, excetuando a família imperial, todos aqui são mais ou menos mulatos e passam a vida com um palito nos cabelos e um cigarro atrás da orelha. O Rio é uma cidade grande e bonita, mas são os estrangeiros que fazem tudo por aqui. Os brasileiros evitam mover uma palha para fazer qualquer coisa de útil, até mesmo para se afogarem.”

O autor de "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas" demonstra não apenas uma prevenção sistemática de filósofo que se obstina em apoiar a doutrina que forjou, mas também mantém grande amizade ao imperador, que é ariano puro, ou quase; quanto aos brasileiros, ao contrário, para ele, não passam de mulatos da mais baixa categoria: “Uma população toda mulata, com sangue viciado, espírito viciado e feia de meter medo...” E vai mais longe: “Nenhum brasileiro é de sangue puro; as combinações dos casamentos entre brancos, indígenas e negros multiplicaram-se a tal ponto que os matizes da carnação são inúmeros, e tudo isso produziu, nas classes baixas e nas altas, uma degenerescência do mais triste aspecto”. (...) “As melhores famílias têm cruzamentos com negros e índios. Estes produzem criaturas particularmente repugnantes, de um vermelho acobreado... A imperatriz tem três damas de honra: uma marrom, outra chocolate-claro e a terceira é violeta.” Na opinião desse homem galante, as senhoras brasileiras que viu são “todas simplesmente hediondas”. “O gosto que têm pelos trajes mais escandalosos não consegue embelezá-las.” “São bolas que rolam”. Um tio meu da zona portuária diria que este francês metido à besta não gosta de mulher, mas não cabe aqui entrar neste mérito e nem noutra coisa... Vá lá.

Essa gente, afirma Gobineau, é supersticiosa.

“Passamos pela crise mais engraçada. Toda a população do Rio, senhores e negros, tinha-se convencido de que no dia 5 deste mês, haveria um cataclismo terrível, o mar engoliria a cidade e as montanhas desabariam. Desespero universal e público. Todas as classes desesperadas; as pessoas instruídas explicavam que era o resultado de uma maré extraordinária combinada com a tempestade; os negros, muito mais lógicos e sensatos, anunciavam que era porque o Sol e a Lua estavam descendo, e nenhum deles duvidava, no dia 3 próximo esses dois astros estariam somente a trinta metros da Terra. Ouvi a história. Todas as cidades do litoral foram abandonadas, a população fugindo para as montanhas. O Imperador ria sem poder fazer nada. Dia 4, todo mundo comprou imagens milagrosas a 1000 réis (40 centavos) para não se afogar. Resumindo, quando o dia fatal chegou, com a metade do Rio desnorteada pelas montanhas, a maré baixou meio pé, e pronto.”

A questão da escravidão.

“É preciso reconhecer que a maioria dos que chamamos de brasileiros compõem-se de sangue mestiço, sendo mulatos e filhos de caboclos de graus distintos. Eles estão em todos os escalões sociais. O senhor Barão de Cotegipe, atual ministro das Relações Exteriores, é mulato; no Senado há homens dessa categoria; em uma palavra, quem diz brasileiro diz, com raras exceções, homem de cor. As famílias mestiças desconstroem-se tão rapidamente que certas categorias existentes há apenas vinte anos já não mais existem, como, por exemplo, os mamelucos. E, por outro lado, a grande maioria dos fazendeiros, cuja desagradável situação econômica expus-lhe ainda agora, vive num estado muito próximo da barbárie, no meio de escravos, e deles não se diferenciam nem por gostos mais sofisticados, nem por tendências morais mais elevadas. O resultado disso é que o comércio, os interesses e todas as fábricas estão nas mãos de estrangeiros. Eles invadem tudo, a tal ponto que muitas plantações pertencem aos portugueses, os mais numerosos e os mais ativos desses imigrantes, e estes fornecem contra a escravidão na América do Sul um dos mais fortes argumentos que se possa alegar. É o fato do trabalho dos brancos nas plantações de café.”

O Barão de Gobineau deixa o Brasil.

“Estou submetido a influências malsãs e excessivas. Esta gente está condenada! Se abrirem suas fronteiras a europeus de sangue puro e 'limparem-se', pode ser que ainda arranjem tempo de salvarem-se; caso contrário, estarão fadadas ao desaparecimento. Como já ensinou Sir Darwin, os mais fortes o aniquilarão. Minha extrema solidão, esta atmosfera só comparável a um banho de vapor perpétuo, este céu sempre cinzento e baixo, flores enormes de cores brilhantes atordoando-me os olhos, tantos negros, negras, mulatos, mulatas de todos os lados, ninguém com quem falar, a não ser o imperador, estou-me tornando imbecil, tenho febre, insônia, um mal-estar universal e um cansaço constante...”.

Fechou o livro, Joaquim Maria quis sair daquele antro letrado. Pousou o exemplar no mesmo lugar, sem notar que neste ato derrubara ao chão outro Ensaio, este de barão francês de real fidalguia, o Barão de Montaigne. Ao cair, abriu-se por acaso as páginas no capítulo XVII, “Da Presunção”, onde se lê: “Não há alma tão ruim e mal aperfeiçoada em que se não vê o brilho de alguma faculdade particular; e não as há tão enterradas em sua própria condição que dela não saiam, alguma vez, por alguma saída de espírito. (...) Mas as almas mais belas são as almas universais, abertas a tudo, e prontas a tudo, verdadeiramente capazes de instrução”.

Deste ensinamento de Montaigne o nosso Joaquim nada leu. Saindo fugido, tomado das mãos da angústia, livrou-se da Biblioteca Nacional, ele olhou o frontispício do prédio novamente, virou a cabeça à direita, viu transeuntes apressados da Cinelândia, percebeu que eles tinham as mesmas caras tão reconhecidas dele, teve vontade de ir à praia, pular ondas, sentar à areia e pensar em D. João conjecturando se D. Sebastião salvaria também aos selvagens. Quis ir naquele momento em outros tantos cantos do Rio, não foi em nenhum. Apenas disse alto consigo mesmo: “Graças! Como dizem na minha terra: Bem fez este francês em ir pra cucuia”. Claudicante em ideias, calculou a direção da estação, por certo para pegar o ônibus que o levaria de volta à Ilha do Governador.

Neste momento, entretanto, sem que o distraído e pensativo Joaquim da Cacuia percebesse, adentrou à  Biblioteca outro senhor, este também barão.


Por Ricardo Novais,
Brasileiro típico, de sangue heterogêneo e bem vivo.

Cantilena Renascentista

Pintura Cole de Véronique.

Logo nas primeiras horas da manhã, o sol, muito bonito e acolhedor teimando por nascer, embora com pouca força, trouxe-me uma paz tão prazerosa. Não sei de onde veio esta sensação de olhos mansos, tão afável como uma cantilena do século XVI entoada por coral de igreja renascentista.

Pergunto a um pombo menos arisco:

- Que tem?

O pássaro, calmamente pousado no parapeito de um prédio público, estava a observar os movimentos da natureza:

- Quem?

- Ora quem, o sol; quem mais poderia ser? Que tem ele que não vem logo?

- Ah... Não é dado a nós saber isto! – exclamou o pombo do alto de sua circunspeção atilada.

- Deverias saber; ave preguiçosa! Se tu ficas bem aí, o dia todo, vendo o povo passar, vendo a vida florescer e ficar grande e depois chegar ao seu anoitecer. Pobre vida!... Tu deverias também dar conta do sol.

- Ora! Se tu, que é bicho homem, como dizes, com poder de raciocínio incrível, não tem resposta.

- Acontece que tenho outras obrigações! – tentei justificar. – Tu não, tu tens mais tempo.

- É. Fico um pouco e logo parto.

Neste momento, conjecturei a ele:

- A felicidade deve ser isto mesmo, saber das coisas e depois dar azas pra ela.

- Sim, é verdade – disse o pombo com movimentos morosos ao bico, em seguida ponderando. – Mas não saber de tudo, às vezes, traz mais felicidade.

Terminando o diálogo, cada um foi ter com seus ofícios. Eu ainda constatei a beleza do dia, o movimento constante da vida se esvaindo, célere, firme, indiferente. Subi as escadas, degrau por degrau, olhei o panorama envidraçado, notei os raios solares beijando a face do rio imundo e pude ver o meu amigo pombo, tão querido, a sobrevoar pela cidade. Observei tudo. Foi um voo curto, nem mais nem menos, foi preciso, calculado; um voo tão bonito!

***

"Jesus Alegria dos Homens", toccata de Johann Sebastian Bach, interpretada magistralmente por Baden Powell:

 


Por Ricardo Novais

Saramago, O Positivista

O literato português José Saramago, na cidade espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde morreu. O escritor pelas lentes de Sebastião Salgado.

Confesso que conheço pouco da obra do escritor português José Saramago, morto recente.  De modo que não pretendo aqui analisar profundamente a literatura saramagista; primeiro porque não sou crítico literário, nem vulto que vela cadáver ou anjo consagrador – sou tão somente leitor comum, qual lê o que a alma agradece. Portanto não seria virtuoso propor agora apreciações apoiada na leitura de dois ou três livros.

Proponho aqui sim uma visão ampla do que representou, representa  e representará o nome de José Saramago, escritor este tão balofamente celebrado pela mídia e por aspirantes a literatos desde quando recebeu o Nobel de Literatura. Deliberadamente polêmico, Saramago proferia pontos de vista com temática de natureza política e religiosa. Foi um crítico ferino da atmosfera cultural na qual se baseia a sociedade que esgotou os ideais utópicos de esquerda, e valeu-se sempre de sua fama literária para grunhir contra o capitalismo, a religião, as questões políticas da Europa – em especial a ibérica. Contudo, embora insensível em sua crítica ao capitalismo, pronunciava-se diverso quando o assunto era os horrores que o  socialismo soviético impôs em vários lugares do mundo.

O intelectual Saramago fez mesmo algumas boas críticas ao nosso modo hipócrita de viver, mas nada disse sobre tiranias impostas em nome de ideais utópicos que ele sabia serem cruéis e injustos. Em certo sentido, não seria muito dizer que o literato foi menos um democrata e mais um totalitário. Nisso, infelizmente, ele reiterou alguns dos maiores intelectuais do Ocidente. Movidos por ideias de direito e igualdade, atacam instituições conservadoras e silenciam sobre a opressão praticada em nome da ideologia que abraçam. García Márquez, por exemplo, padeceu da mesma afetação: o comunismo e o socialismo o podou de uma visão mais independente do mundo, perdeu a chance de praticar a arte de ser um intelectual livre.

Mesmo na realidade ideológica brasileira, ainda hoje, intelectuais e artistas silenciam sobre a ditadura cubana, último baluarte da tirania produzida pela utopia comunista. Ora, vejamos como muitos admiram o artista Chico Buarque, mas poucos o questionam sobre a elevação de sua arte ao plano autônomo em si mesma e não em suas convicções políticas; e, mais grave, é ver os acadêmicos da Universidade de São Paulo fazendo vista grossa ao abuso castrista e mesmo reverenciando a imprensa brasileira e americana que, notoriamente, está inflada do ideário positivista-marxista. No fundo, intelectuais como Saramago, são cúmplices sofisticados da luta pelo poder, não importando o quanto este seja tirano, injusto e criminoso. Seriam mais conscientes e menos cegos dentre a própria visão se seguissem, como Millôr Fernandes, fiel apenas à própria percepção de seu espírito e à razão de seu pensamento.

O valor da obra de José Saramago – seu valor intrínseco, o de sua escrita e forma estética – será decidida pelo juízo supremo e infalível do tempo. Isto não impede que possamos opinar ainda hoje de que lendo “A Jangada de Pedra”, por exemplo, atilamos que Saramago deixava escapar todo o seu rancor por ter nascido na península ibérica e não em Londres.

Não me parece bom que um indivíduo renomado no mundo inteiro fique por aí engenhosamente articulando que Portugal deveria ser uma mera província da Espanha; francamente, a memória dele não deveria merecer nenhum tipo de reconhecimento oficial dos portugueses. Mas vá lá! Isto mostra o mísero estado a que chega a soberba, desfaçatez e até impunidade de quem goza de prestígio.

Pensar alegremente que honrar quem conspurcou o nome e os cidadãos de um país (Portugal) é no mínimo pisar na própria tradição e nos próprios valores.

Isto tudo, independentemente dos prêmios que Saramago tenha recebido, só macula a pátria lusitana que tantos juraram servir e defender. Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis; pois conjecturar que Portugal estará sempre a salvo se unir-se à Espanha, se esta por algum motivo pessoal fechar suas fronteiras e por todo o país-irmão de joelhos, é coisa leviana e perversa com o povo ibérico e o lado glorioso, e até o cruel, da história das nações.

Visto que o mesmo sorriso melancólico do plano político descrito acima está na intolerância de Saramago para com a Igreja. Um intelectual honesto não recusaria qualquer forma de metafísica ou de valores éticos seculares porque simplesmente se considera um ser materialista; ora, se é nítido que respostas absolutas são o perigo de todo pensador. 

Na literatura tudo é permitido, pois está é ficcional, fantástica, reflexiva, muitas vezes imaginária, e será julgada apenas pelos leitores com sentença dada pelo tempo. Mas um autor nunca deve valer-se do prestígio que tem para ser injusto e covarde.


Por Ricardo Novais

Copa do Mundo, Aposta Sem Torrão da Pátria

Charge do sensacional Clóvis Cabalau. Site: Crente Pensante.

Eu bebo cerveja. Como qualquer outro bom apreciador de bebidas alcoólicas, sei de seu poder espiritual e também da grande ressaca que causa no sistema humano, todo ele – físico-psíquico e moral. Do mesmo modo gosto de futebol e sou brasileiro. Já percebeu que temos um contra-senso aqui, não é senhor leitor-torcedor?

Ora, se os cientistas dizem que a bebida alcoólica não combina com a prática de esportes – a não ser depois da ‘pelada’ de sábado –, como anunciar que Copa do Mundo é guerra e a cerveja é a munição do herói que derrota o parvo inimigo?

Penso, com base nesta reflexão panfletária, que somos um país patriota de bêbados; ou os publicitários são patriotas depois de ébrios – sabe-se lá.

Mas, como disse, adoro futebol. Paulo Mendes Campos escreveu, certa vez, que “a bola é o brinquedo mais perfeito que já inventaram”; ou jamais inventaram, apenas surgiu, do nada – por isto os jogadores reclamam tanto da Jabulani, a bola da Copa que tanto rebela interesse estranho pelos bem cuidados gramados mundo a fora, mas exerce tamanho fascínio em garotos dos campos de várzea de Soweto, em Joanesburgo... Celebremos! Dunga, os publicitários, alguns bêbados, com seus rompantes de patriotismo ridículo, por certo, não possuem espírito de jogo, esporte e brinquedo; eles são guerreiros de uma guerra glorificada por nossa pátria amada; idolatremos, portanto, brasileiros e brasileiras, do sul e do norte, fidalgos e bobos-da-corte, estes jogadores que são gente como a gente, da mesma cara marota e a mesma cor de terra batida, embora o suor deles tenham mais valor, resignados e também alegres, saudemos!, amigos, saudemos este nosso magnífico e autêntico futebol tupiniquim! – embora, às vezes, aparentemente somos tão somente a réplica de uma bola murcha. Se a batalha te parecer muito enfática, desgraçado torcedor, é porque és muito romântico de outras Copas ou não tens o necessário 'comprometimento' com a república.

Dunga, Dunga, cópia fiel de si próprio; estais em evento mais fascinante da Terra, senhor herói de chuteiras, e falo o mesmo ao seu fiel escudeiro auxiliar-técnico; que oportunidade de povos diferentes se confraternizarem, de estenderem a mão ao adversário – de jogo! Hoje teremos a abertura oficial (a que vale) do Mundial da África do Sul 2010. A seleção da casa  se apresenta, os demais desfilam, dia após dia, jogo depois de jogo, luta violentíssima seguida de outra luta ainda mais incisiva, vitórias, derrotas, emoção, alegria, tristeza, briga, intriga, negócios, cartolas, empréstimo, roubo, reflexões, críticas, dedos em riste; ufa! Esporte é vida! Esporte é cultura, já houveram 18 Copas do Mundo na história. O Brasil ganhou 5; a Itália, 4; a Alemanha, 3; a Argentina e o Uruguai venceram duas vezes e a França e a Inglaterra ganharam uma vez. Sou brasileiro, então vou torcer pelo Brasil; gosto de futebol, então aposto na Holanda, que já foi duas vezes vice e nenhuma vezinha sequer campeã. Joguei os búzios de Ogum na minha mesa de 'mestre-guru'... Vi coisas incríveis referente a tu, leitor; vi tudo também do nosso escrete tupiniquim em terra de arco-íris, do mago Mandela – homem este de fato importante à liberdade de homens subjugados nesta época contemporânea. As coisas que vi são boas, em parte.

Não se zangue, dona leitora patriota de Copa, trata-se mais de um desejo profético do que avaliação técnica. A capacidade defensiva dos holandeses é pouca, verdade; entretanto, é um time mágico, qualidade que costuma ser fatal. O técnico Bert Van Marwijk vai a campo com um time semelhante àquele que conseguiu 100% de aproveitamento nas eliminatórias: esquematizado em clássico 4-3-3 e na articulação do talentoso Snejder. Se, por acaso, a dona senhora Pitonisa de Almeida for falar a Capello, Mourinho, Felipão, Muricy, Mano Menezes – todos eles da escola universal de treinadores gaúchos; sim, este ateneu data ainda dos primórdios da vida humana e é muito anterior à criação do Estado do Rio Grande do Sul – todos estes retranqueiros censurariam como de mau gosto este texto. O time-base da Holanda, anota aí que este será o time vencedor da Copa de África do Sul, é Stekelenburg; Heitinga, Ooijer, Mathijsen e Van Bronckhorst; De Jong, Van Bommel e Sneijder; Kuyt, Van Persie e Robben, ainda com lugar para o excelente Van der Vaart; jogadores em ótima fase (isto conta muito), talentosíssimos, atuam nos maiores clubes da Europa e estão entrosados um com outro. Para reforçar minha aposta, basta lembrar a extraordinária campanha holandesa nas eliminatórias européias para esta Copa; ao lado da Espanha, fizeram os jogos mais arrasadores, entre todos os grupos de seleções, desta que é a classificatória de Mundial mais difícil que existe no planeta bola.

A Argentina é... a Argentina, isto já basta para estragar um texto, um post, um blogue, um campeonato, um torneio, uma pessoa, um continente...

Pelos meus cálculos sobrenaturais, a excelente Seleção Espanhola decidirá o terceiro lugar da Copa contra o Uruguai em comovente prorrogação e em sensacionais pênaltis, já a finalísima na África do Sul terá o seguinte placar:

Holanda 3 x 0 Argentina.

A Seleção de Dunga – sim, senhor torcedor, a Seleção Canarinho agora é dele –, desgraçadamente, tomará um 3 a 1 da própria Holanda na fase de quartas-de-final. Pouco? Pode ser, principalmente para um time que conta com Robinho, o Príncipe da Vila. Além de que este é o castigo para quem deixa de fora de um Mundial um craque tão genial como Ronaldinho Gaúcho. Minha adivinhação é boa; vejo, em bola de cristal, que o Brasil, vencendo ou perdendo, jamais deixará de ser o 'maior gigante' do futebol mundial. Assim será; tenha paciência, meu amigo verde-amarelo e minha amiga que está aí vestida com a camisa amarelinha de Kaká ou Felipe Melo (filho de Dunga); como diz o preceito bíblico no Eclesiástico: “tudo tem seu tempo, sua hora, seus estádios...”. Será isto que nos levará ao título em 2014, em nosso torrão de terra, nossa pátria, nosso autêntico futebol. Não haverá lá em futuro certo nada desta iracunda guerra de publicitários bêbados ou bêbados publicitários; haverá apenas um povo, sóbrio, que já enfrenta muitas batalhas, todos os dias, e ainda assim abre um sorriso honrado, incrível e sincero.

Por fim, sendo também eu um herói alegre, porém menos honrado e sincero, nada disso dito neste post tem lá muita importância. Pode vencer o Mundial tanto a tradicional seleção da Alemanha, com seu futebol pragmático, a sempre perigosa Itália, que foi campeã rastejando no último Mundial, a França com as elegantes luvas de seus jogadores de basquete; ou, surpreendendo a todos, pode levar o caneco o talentoso e duvidoso escrete português, que conta com a vaidade de Cristiano Ronaldo, ou, ainda, o fantástico e perturbado time do Chile, de Marcelo “El Loco” Bielsa, e, quiçá, o anfitrião conjunto sul-africano, do insistente Carlos Alberto Parreira (Bafana! Bafana!); e, claro, eu de fato posso ganhar a aposta que fiz na Holanda e tu ficaste a me dever reverência de oráculo como 'mestre adivinhão' e 'guru espiritual-esportivo’... Não te assustes, leitor impressionado; com auxílio precioso da dona 'cabocla-leitora', vi somente coisas boas em teu futuro; não me perguntes mais nada, em futuro saberás... Bem, tornando aqui às ciências naturais de reles mortal ‘corneteiro’ e já assoprando minha vuvuzela, qualquer um poderá ganhar esta primeira Copa disputa em África; qualquer um menos os argentinos, claro! De modo que se a Seleção Brasileira não vencer isto nada mudará o amor à cerveja, ao futebol e à nossa gente; genuinamente do Brasil.


Por Ricardo Novais

Um Milagroso (A)Caso de Amor

"Operários", tela de Tarsila do Amaral, observados por olhos de um rosto na multidão.

No metrô, Gustavo sai do vagão. Não sai de logo, logo, mas devagar. Toda a gente está ali, ele não vê ninguém. Vê somente uma moça. Ela é íntima, à distância.

Ele mantém verdadeiro culto à rotina. É um charme indispensável. Carrega o próprio cadáver às costas. Já há alguns anos, nutri um hábito extravagante. Excursiona a esmo por várias estações do metrô da cidade e, quando pode, em trens metropolitanos pelas redondezas da megalópole. Parece procurar algo, nos passageiros triviais, nos vagões ordinários, nas paisagens cinza, nas curvas desproporcionais. Às vezes, fixa-se numa parada de grande circulação. Lá no pátio da estação, ele fica exultante e fascinado pelo andar fabricado da multidão, ou atento ao processo de arranhados sons emitido pelas máquinas de rolamento em atrito com os trilhos da ferrovia, e depois, de novo, ao vapor obtido pelo movimento da aglomeração de pernas apressadas e descompassadas. Primeiro, o pensamento, sem ponto determinado, vagabundeia enlaçado pelo odor característico dos perfumes femininos. A seguir as ideias se fixam, pouco a pouco, percorrendo todo o local e sua mente aborta nas paredes por causa de débeis luzes artificiais. Os olhos de Gustavo fatigam, afinal; fecha então as pálpebras e vê, ou sente, na plataforma de embarque, torcer-se com o vento os vapores de gás humano e mecânico, juntos, como se homens e trens fossem máquinas de igual gênero e teor. Ouve-se o ruído das conversas cochichadas desdobrando-se diante do séquito da composição férrea envelhecendo, dia após dia, e, mais ao fundo da linha amarela, duas senhoras a rirem, provavelmente, de seus maridos glutões ou dos modos do diretor de empresa enfiando a tampa de caneta no ouvido esquerdo diante de uma mesa de escritório. Burburinho tão cru, sujo, ordinário que captura em cheio as almas urbanas... Cidade, cidade, este emaranhado corrupto da vida; que iludi e que engana e que maltrata.

Contudo, naquele dia, solitário em meio a milhões de homens, mulheres, crianças, aleijões, padres, executivos, jogadores de xadrez, enfim, todo o mundo dentro de uma caixa metálica com rebites de alumínio, Gustavo só reconheceu mesmo uma garota que estava com ele naquele palco do metrô. Senhorita Marilena Soares. Mocinha bonita, elegante, doce, discreta; ela era secretária no mesmo departamento que o dele. Cumprimentaram-se, conversaram gentilmente sobre... a vida. Perceberam que a vida é um maravilhoso acidente, e é também um grande engodo. Pegaram o elevador e subiram juntos ao andar de suas respectivas seções comuns. O dia era alegre. No fim da grande sala, que já não contava mais com centenas de cubículos minúsculos feitos para burocratas sem rosto das primordiais tradições burocráticas, havia uma janela de vidro que ia de lado a lado na fileira sul. Gustavo caminhou para lá, sorriu a um, acenou a outro, serviu-se de café e ficou a olhar para o panorama de prédios que impediam outra visão a longo alcance. Todos os andares conspiravam para uma vida de cordeirinhos bem ensinados. A vida escorrendo por entre os papéis, os carimbos, a tinta azul, também a vermelha, que tem pouca tinta; fato dos mais gratos e que, sem dúvida, contribuía para o aperfeiçoamento de seu futuro. Analisou haver muito tédio na mentira e seus preceitos assinalados.

Virou-se nos calcanhares. Deixou o olhar analisar a máquina multifuncional que tanto o aborrecia pelas manhãs, a visão da máquina de café expresso o deu enjoou, olhou para as parvas gravatas dos senhores mais velhos, os sorrisos imbecis dos mais jovens, e, no centro do setor, uma grande mesa de reuniões onde estavam em cima bolsas femininas, copinhos plásticos com café ainda esfumaçando, papéis amassados, aparelhos eletrônicos de texto e, ao redor, sentados em cadeiras de um marrom morto, três homens de cara rapada sem o paletó e cinco mulheres com cabelo de cachorro tosado.

Gustavo reconheceu-os. Não sorriu. Atravessou toda a sala e encostou o ombro direito no batente da entrada principal, ainda segurava um copinho plástico vazio com a mão esquerda e a outra estava dentro do bolso da calça social azul-escuro de risca-de-giz branca. Percebendo o enleio que o renegava, sentindo-se até apunhalado pelas costas, arrumou a gravata, deu alguns passos vagarosos, pé ante pé, pé ante pé, e foi ter com os diretores de projetos e processos.

- O que têm para mim? – ele perguntou.

Uma mulher muito magra respondeu:

- Pra você, nada!

Marilena Soares, sentada com elegância em seu ofício, de sua mesa bem distante dali, observava Gustavo com admiração desde o encontro de mais cedo no metrô e percebeu a alteração em sua fisionomia...

Violentíssimo foi o ataque!

As cadeiras voaram, as mesas racharam, a máquina multifuncional parou de fotocopiar papéis assim que recebeu um forte pontapé, os vidros foram quebrados a murros. Gustavo ficou fora de si. Agressivo, ninguém o segurou. Teve um colapso de fúria, raiva, ódio. Por tão pouco e por tudo, gritava com demência: “Eu sou doido, ouviram? Eu sou doido, e  com todo direito de sê-lo!”.

Com o escasso saldo laborioso decorrente da justa causa, aliado às economias de todo sangue derramado por anos naquela maldita empresa, ele montou a própria firma. Firma pequena. Mas, às vezes, pequenos negócios são grandes coisas... Um dia, de tardezinha, bate à porta de seu novo trabalho uma garota linda, meiga, mulher esculpida pelos seus sonhos mais doces e assobiados bem devagarzinho...

- Marilena! – disse num sobressalto. – O que faz aqui?

- Soube que há emprego... – ela deu um sussurro de firme charme.

- Mas...

- Quais as obrigações e direitos?

Houve breve silêncio, ele estava de fato surpreso. A candidata insistiu:

- Fale, analise meu currículo, por favor.

Gustavo, que sabia de suas excelentes qualificações profissionais, tartamudeou tirando uma caneta do bolso da camisa sem ter papel algum nas mãos:

- Ah... Desculpe! Horário de oito da manhã às seis da tarde, uma hora de almoço, assistência médica, vale refeição etc.; Mas... Bem, o salário...

- Meu salário é altíssimo! – exclamou ela prontamente, dando um sorriso irresistível.

Foi nisto que Gustavo lembrou-se da reflexão, obtida em um de seus inúmeros passeios ferroviários, de um ancião passageiro de trem: “Afinal, pensando nas aflições espantosas da dona Clarice Lispector, ser feliz para conseguir o quê?” E, sorrindo por trás dos óculos de lentes riscadas, eis o adágio do velho: “Nesta estação o carro que nos leva passa muito rápido, e as pessoas perdem-se na multidão. Mesmo a esperança, tão ciosa de si, já pegou o último trem da meia-noite... Estamos por um milagre, meu jovem; um milagre!”.

Por Ricardo Novais

Por Uma Conversa Encantadora

Estátua de Noel Rosa, no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo Pessoal.

Preciso falar contigo, amigo leitor. Dizem que as coisas vão mal; à boca pequena, insistem na encantadora felicidade; mas toda a desgraça é que nem todos têm dom de ministro da alegria.

Discorda? Ora! Por que não fala comigo? Sente-se aí ao lado, beba algo de boa safra, as ideias estão à mesa. Resolveremos tudo. Além de que preciso mesmo conversar... Sabe, tenho coisas a superar, alcançar alguma redenção para meus hábitos presunçosos. Sim, eu sei; não vai conversar, não vai conversar... Não quer, não pode. Mas insisto!

É que fui acometido por grave afetação. Talvez eu esteja um pouco arrependido de ter criado este blogue. Não que ele atrapalhe meus ofícios; sou homem de raros propósitos fortes – sou de pouca opinião, como diria meu tio da zona portuária. Além de que despachar algumas chupadas linhas nuns balofos posts para esse ambiente virtual é sempre coisa que absorve um pouco a vaga de pensamento. Mas o blogue é excêntrico, tem gosto próprio, e é paladar de tédio; apresenta-se, com frequência, com movimentos repulsivos, sádicos; já percebe o dilema, não é, dona leitora? E tu, leitor, não vê que o maior defeito do que cá está escrito é o que cá será lido?

Leitor, culpado! Por qual motivo a sentença? Não penses que é este veredito de tribunal de um só julgador coisa arbitrária; oh, não! Esta decisão é depois de muito sopesar, confabular e  até tomar opinião a muitos especialistas em vida alheia. Não cabe recurso, não há mais defesa; nem ao ministro de leis alegres! O fundamento deste aresto de paradigma é o simples fato de que queres sempre as histórias mais aventureiras, mais valorosas, contadas da maneira mais concisa, mais fluente. Tu também, amiga senhora, vem à minhas orelhas e cochicha as narrações românticas e diretas que aprecias... Teres afobação de viver, quereis tudo o mais célere possível e  ruminado até as raízes. Ora! Mas se esta minha página e minha mão fogem à esquerda algumas vezes, noutras cai à direita, pula de cabeça em lágrimas mais à frente, tornando às gargalhadas dementes num passo atrás, em caminhos já há muito percorrido. Vai, este meu blogue, como a Avenida 23 de Maio às seis da tarde; anda um pouquinho, pára um tempão, acena ao motorista vizinho, dá um desvio dificultoso a um motociclista que muda de faixa repentinamente; glorificada no Obelisco, premia seu companheiro com um sinal bem vermelho de engarrafamento.

Nisto tem vantagem o mendigo, certamente meu leitor, que fica deitado à calçada na Praça da Sé. Se não tem dinheiro para gastar, também não tem preocupação de montar quebra-cabeça; vive a conversar, vive a conversar.

Não te assustes, senhora minha amiga; é que não sei o que fazer, eu procuro alguma verdade escondida; entende? Onde arranjar um bom pedido de demissão que me salve de um cubículo apertado cheio de regras burocráticas? Mas fico muito espantado, o futuro é incerto, a vida passa antes que o sinal do forno microondas apite em alerta. Fale comigo, dona mocinha; gosto tanto de ti. Diga, querida leitora, vão bem teus pensamentos naqueles momentos entre o portão de tua casa e algum teu compromisso importante?

E tu, senhor leitor mais prudente que este autor modesto; fez algum projeto que nenhum outro tenha feito? Conseguiu terminar de subir aquela escada rolante de estacionamento prosaico ou escreveu algum artigo que nunca tenha sido lido por viva alma?

A conversa aqui parece não ir muito bem; não é mesmo? É que, tão diferente de tu, caro leitor, devo estar incompleto. Talvez, neste momento, sinta-me como uma página de livro em branco; nada escrito; nada pretendo, nada anseio, nada persevero; apenas aguardo que as letras venham preencher-me; às linhas – nem precisa completar o livro inteiro, alguns vão bem lendo tão somente um capítulo da vida.

Compreende, leitor de cerrada face e leitora desconfiada, porque os entedio tanto com este texto confuso? Eu gostaria de ter tirado uma fotografia que nunca tenhas visto, meus amigos, oferecido um prato de comida que nunca tenhas saboreado, acenado um abraço que nunca tenhas recebido... Gostaria que viessem comigo, por esta mesma estrada que todos conhecem. É! Mas daqui a pouco nem eu sei onde estarei. De modo que então só posso fazer uma boa promessa, aliás duas, uma para cada um.

À minha querida amiga, digo que, apesar de tudo, estarei contigo no teu teatro imaginário, mesmo nas peças mais doces e nas mais angustiantes. Ao caro leitor, só posso dizer que conte comigo em todas tuas lutas; sempre terá auxiliadora mão, calçada com luva, que incentive teu valoroso ombro.

Não te irrites se paguei mal a conversa, senhor leitor e dona leitora; saiba que hasteei minha bandeira à sombra da tua, e não duelo nem brigo contra uma confabulação encantadora. Um brinde, saúde!

Por Ricardo Novais
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