Abraão, o pai da fé.Numa sociedade onde se tem a sensação de que a corrupção ronda seus salões, onde eleitores não confiam em seus eleitos, onde a mídia 'mascara' a essência dos fatos e das ações, ou onde a fé é vista como retrocesso e, por isto mesmo, o 'cientificismo positivista' é enaltecido, onde, aliás, comemora-se até um evento fútil e imbecil denominado #lingerieday, surge a pergunta: o que é ética?
Søren Aabye Kierkegaard, no livro Temor e Tremor, descartando qualquer pretensão de ser um filósofo, pelo menos no sentido hegeliano, tende à visão de cristão - quer dizer, analisa a ética do ponto vista da crença religiosa.
Mesmo assim, o que ele diz evidentemente tem importância tanto filosófica como religiosa. Mas ele se fixa essencialmente no campo do ético, demonstrando-se plenamente consciente das visíveis limitações da esfera à qual pertence. Mais especificamente, ele está preocupado com a inabilidade dela em abranger os fenômenos da fé.
A sua insistência nesse ponto pode, é claro, ser tomada como indicação da divergência de sua abordagem com Kant e Hegel. Esses dois autores procuraram, ainda que de maneiras diferentes, assimilar ou subordinar a noção de fé religiosa a outras categorias do pensamento - Kant classificava suas asserções como postulados da razão prática ou moral, Hegel a via como prefiguração, num nível pictórico ou imaginativo, de ideias da consciência que conseguiam articulação racional dentro da estrutura de sua própria teoria filosófica, que a tudo abrangia.
Em Temor e Tremor, por outro lado, a fé é representada como possuindo uma condição inteiramente diferente: está além dos domínios do pensamento ético e resiste à elucidação, seja em termos universais ou racionais. Isso não significa, contudo, que a fé deva ser vista como algo essencialmente primitivo ou não merecedor de respeito; não é "uma doença infantil de que alguém deseje se livrar o quanto antes". Ao contrário, o livro conclui com a observação de que a fé é "a mais elevada paixão de uma pessoa". Além do mais, é sugerido, em toda a obra, que somente um indivíduo moralmente sensível e maduro tem condições de reconhecer as dimensões de suas misteriosas e severas exigências.
Ainda que a aceitação dogmática de Kierkegaard, que por mais que se esforçasse não conseguia libertar a própria alma em sua coerente teoria existencialista - posto, quiçá por seu pai ter amaldiçoado Deus pelos infortúnios de sua vida sendo, por ventura, agraciado pelos Céus e castigado logo depois pelo pecado, de tal modo que a maldição recaiu sobre toda a família, ascendentes e descendentes, e o temor podava a metafísica do filósofo - a mim parece que os preceitos de moral da fé religiosa levantadas por Kierkegaard são mais eficazes que a moral da ética 'científica'. Posto que esta ética, essencialmente em moldes positivistas e galicistas, forma uma sociedade assassina e burra.
Acatando-se ao pensamento de Søren Kierkegaard: “É com a subjetividade que o cristianismo esta ligado, e é somente na subjetividade que a verdade existe, se é que existe; objetivamente, o cristianismo não existe em absoluto!
Mesmo que as ideias aqui relembradas e levantadas não contenham a verdade essencial de todas as coisas, a fé religiosa não tem que provar a superioridade de sua moral. Neste caso, o ônus da prova é de quem contesta e não de quem afirma, pois a fé existe e está estabelecida desde o início da humanidade. Portanto, incorre em erro aquele que não crê por não haver provas materiais do supremo, aqueles 'cientistas' e ateus inveterados que, ao invés de discutir e desenvolver o tema com argumentos, insistem pateticamente em desqualificar a fé religiosa ou a crença de uma pessoa contestando sua existência ou renegando-a no campo psicológico.
Não te parece que a fé religiosa é moralmente superior a ética?
Por Ricardo Novais
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* Sǿren Aabye Kierkegaard, filósofo dinamarquês, nascido em Copenhague, em 1813, e morto na mesma cidade, em 1855. Concluding Unscientific Postscript, tradução de D.F. Swenson e W. Lowrie, Princeton, Princeton Univercity Press, 1941.









*João Almeida tinha 12 anos em 1995. Fanático pelo Santos Futebol Clube, acompanhou a campanha de seu 

"Todos são filhos do bom Deus e foram criados para as coisas... Mas nunca se detenha". Esta frase é de Madre Teresa de Calcutá, mas recai muito bem sobre a memória do que foi em vida a doutora Zilda Arns, que infelizmente nos deixou vitimada no terrível terremoto ocorrido esta semana no Haiti - este evento da natureza é uma lástima, pois o Haiti já era antes disto um país muito pobre, situado na região do Mar das Antilhas, na América Central.

Das inúmeras lendas da cidade, dentre as muitas que constam no ideário popular, descreverei uma que minha tia-avó, dona Maria, realmente, não cansava de contar. Era uma velha fábula, que tantos antigos já contaram, mas que farei chegar a algum leitor da Romênia ou da Mongólia; acaso haja algum leitor deste blog por lá... A história é a do terrível assassino da assombrosa Praça da Bandeira, em São Paulo.






